Bancada do PSOL cobra explicações sobre interrupção da Operação Carro-Pipa
Após eleições, governo Bolsonaro suspende distribuição de água para 1,6 milhões de pessoas no Nordeste
A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados encaminhou ofício ao Ministério Público Federal (MPF) sobre o corte de verbas da Operação Carro-Pipa, que leva água potável às famílias no semiárido nordestino há mais de 20 anos. Conforme a coluna Carlos Madeiro do UOL, a medida afetou 1,6 milhões de pessoas em oito Estados.
O ofício foi encaminhado ao subprocurador-geral da República e procurador dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena. O documento – assinado pelos deputados Sâmia Bomfim (RJ), Ivan Valente (SP), Fernanda Melchionna (RS), Vivi Reis (PA), Áurea Carolina (MG), Glauber Braga (RJ), Luiza Erundina (SP) e Talíria Petrone (RJ) – pede a “imediata instauração de Procedimento Administrativo de Acompanhamento de Política Pública, com participação de setores da sociedade civil, tendo em vista o corte de verbas da Operação Carro-Pipa.”
“É mais uma clara ação do governo Bolsonaro, em seus momentos agonizantes, para confirmar seu desprezo pela dignidade humana do povo brasileiro e exercitar sua retaliação antidemocrática contra os nordestinos e nordestinas, por sua participação fundamental na derrota da extrema direita nas eleições”, disse Sâmia Bomfim, ao UOL
Retaliação eleitoral
Conforme Madero, o corte de recursos ocorreu logo após o segundo turno da eleição, no dia 30 de outubro, em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado. Porém, a informação só veio à tona na quinzena final de novembro.
A operação Carro-Pipa é financiada com recursos do Exército Brasileiro em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional. A justificativa para a interrupção no fornecimento seria falta de verbas.
“Os recursos disponibilizados pelo MDR até o momento permitiram a execução da operação na sua plenitude até o dia 16 de novembro. O Exército Brasileiro aguarda nova descentralização de recursos para que seja retomada a distribuição rotineira de água”, diz o Exército, em nota..
Já o MDR explicou que a pasta “apenas faz o repasse dos recursos”, e que “as necessidades de recursos adicionais foram formalmente encaminhadas ao Ministério da Economia, para que seja possível retomar, o quanto antes, a operação”.