Centrão manobra para manter ‘emendas de relator’ no Orçamento
liraa

Centrão manobra para manter ‘emendas de relator’ no Orçamento

Em um mesmo dia, deputados desidratam PEC da Transição e aprovam reajuste para parlamentares

Tatiana Py Dutra 21 dez 2022, 07:00

A despeito da derrota do Orçamento Secreto junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucionais as emendas de relator, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e seus asseclas conseguiram criar uma brecha no texto da PEC da Transição para garantir um farto butim. A partir do ano que vem, o relator do Orçamento resolverá como serão aplicados R$ 9,85 bilhões em despesas.

Esse valor é o “troco” das negociações do Centrão e o governo eleito para sepultar as emendas do relator, e que somariam R$ 19,4 bilhões em 2023. Ainda na semana passada, o relator da PEC Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, dispôs no texto o jabuti, sob justificativa de uso em execução de políticas públicas ”classificadas com o indicador de Resultado Primário 2″. Em outras palavras, em vez de sair de uma rubrica do Congresso, a verba virá dos ministérios – e o relator e a cúpula das Casa decidirão como o recurso será gasto.

“As modificações na ‘nova’ lei orçamentária, principalmente no que diz respeito à emenda do relator são,  na verdade, mais uma tentativa de camuflar o verdadeiro objetivo do atual presidente da Câmara, Arthur Lira, assim como de seus irmãos siameses, com medo de perder o cacife para sua tropa (cerca de 150 deputados)”, critica Mario Agra, fundador do PSOL e liderança do Movimento Esquerda Socialista (MES) em Alagoas.

Conforme as regras previstas na PEC, a liberação dos recursos a serem indicados pelo relator, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), dependerão do governo Lula, que não tem a obrigação de executar projetos e obras indicados pelo relator. Porém, os recursos para as emendas de relator também não eram impositivas. Isso faz supor que a liberação dos recursos pelo Executivo será resultado de negociações políticas com o Congresso para a construção de uma base política para o novo governo.

“Lira já é um experiente parlamentar, no trato com verba pública. Quando foi 1° secretário da Assembléia Legislativa de Alagoas [sua gestão] culminou com a prisão de vários deputados estaduais alagoanos”, lembra Agra.

PEC desidratada

Se por um lado Lira e o Centrão garantem “o deles”, por outro, colocam em risco a sobrevivência de milhões de brasileiros.

“Os bolsonaristas estão tentando inviabilizar a votação da PEC de Transição, aquela que garante os 600 reais e 150 por criança no Bolsa Família e retoma alguma capacidade de investimento em um país destruído pelo próprio Bolsonaro. Como dizíamos, Bolsonaro mentia na campanha!!!!”, denunciou a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), em suas redes sociais, na noite de terça.

A sessão do Senado em que a PEC da Transição seria votada foi suspensa, à espera dos de uma definição da Câmara dos Deputados. A proposta do governo Lula era tirar do teto de gastos recursos a serem empregados no Bolsa Família e em programas como o Minha Casa Minha Vida por quatro anos. Ao que tudo indica, o recurso será garantido por 12 meses apenas.

Em contrapartida, a Câmara garantiu, nesta terça-feira, um polpudo reajuste para parlamentares do Congresso Nacional, ministros, presidente e vice-presidente da República. O Projeto de Decreto Legislativo (PDL), que ainda precisa ser aprovado pelo Senado, prevê aumento escalonado. A primeira parte do reajuste (16,37%), vale a partir de 1º de janeiro e iguala o salário atual dos deputados  (R$ 33.763,00) ao subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente em R$ 39.293,32.

A segunda, em 1º de abril de 2023, aumenta o salário para R$ 41.650,92 (6%) – valor a ser reajustado para R$ 44.008,52 em 1º de fevereiro de 2024 (5,66%) e para R$ 46.366,19 a partir de 1º de fevereiro de 2025 (5,36%). Na Câmara dos Deputados, o impacto será de R$ 86 milhões já em 2023. Os parlamentares do PSOL foram contra a medida

“O que o Congresso está fazendo, votando aumento salarial de parlamentares, ministros e presidente é um escárnio com a situação do Brasil. Fome, salário mínimo sem aumento real e salários congelados desde a pandemia. O aumento salarial para parlamentares, presidente e ministros é uma vergonha! O que o Congresso deveria ter como prioridade é a luta pelo reajuste do salário mínimo, o combate à fome e à miséria”, protestou a líder da bancada do PSOL na Câmara, deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 27 dez 2024

5 desafios políticos para 2025

Para o ano que vem, deixamos cinco desafios que corroboram às reflexões que os socialistas fazem a respeito do “tempo de urgências”
5 desafios políticos para 2025
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi