CPI identifica 16 grupos nazistas e fascistas em Campinas
Mariana Conti

CPI identifica 16 grupos nazistas e fascistas em Campinas

Presidenta da comissão, a vereadora Mariana Conti (PSOL) diz que jovens são mais suscetíveis a ideologias extremistas

Redação da Revista Movimento 6 dez 2022, 10:55

O relatório final da CPI Antifascista da Câmara de Vereadores de Campinas só será apresentado em janeiro, mas a investigação, iniciada em junho, já levantou dados preocupantes sobre a existência de organizações de extrema direita no município. Ao todo, foram identificados 16 núcleos regidos por ideologias nazistas e fascistas. 

A presidente da CPI, a vereadora Mariana Conti (PSOL), diz que o ressurgimento desses grupos criminosos é reflexo da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), que incentivou discursos de ódio e intolerância. O argumento é corroborado por um estudo da antropóloga Adriana Dias, professora de antropologia da Unicamp, que aponta crescimento de 270% de grupos de extrema direita nos últimos quatro anos.

A abertura da comissão parlamentar de inquérito se deu após três episódios, ocorridos entre maio e abril deste ano, sinalizarem ameaça nazifascista aos cidadãos campineiros: pichações de símbolos nazistas no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e no Colégio Etecap; um ataque armado em um bar do bairro Barão Geraldo, quando homens exibindo suásticas ameaçaram imigrantes africanos e alunos residentes na moradia estudantil; além de uma ameaça de massacre também no Etecap. 

Influência entre os jovens

A CPI Antifascista identificou que as ideologias nazista e fascista exercem forte impressão entre os jovens, especialmente os brancos de classe média. A comissão trabalha na intenção de orientar as instituições de ensino sobre como agir em casos de crimes de ódio e na prevenção do aliciamento das mentes de jovens e adolescentes

“É necessário a existência de políticas pedagógicas que combatam os mais diferentes preconceitos, o revisionismo histórico em relação ao nazismo, à ditadura e à escravidão, além de políticas de reparação das vítimas”, diz Mariana Conti. “Nosso objetivo é colaborar. A partir do diálogo com pesquisadores nós queremos apresentar no relatório traços gerais da presença dos grupos nazistas e fascistas na cidade de Campinas e, assim, colaborar com os trabalhos investigativos que cabem à Polícia Civil”, explica.

O relatório final, após aprovação, será encaminhado ao Ministério Público, Polícia Civil e organização de direitos humanos.

Outros casos

A derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais é vista como ignição para novas ações criminosas de cunho nazifascista em todo o país. No dia 25 de novembro, um adolescente de 16 anos – vestindo uniforme militar customizado com símbolos nazistas – invadiu duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo. Ele disparou contra professores e alunos, matando quatro pessoas e ferindo 12. 

Outro episódio foi registrado no último dia 29, quando pichações de suásticas foram encontradas em paredes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de São Paulo (USP), no campus do Butantã. Os mesmos símbolos foram rabiscados em uma escola municipal de Contagem (MG), junto com referências a Adolf Hitler. Na mesma ocasião, uma exposição alusiva ao Dia da Consciência Negra foi vandalizada na escola.

Em Valinhos (SP), quatro alunos do Colégio Porto Seguro foram expulsos  após ofensas e ameaças de morte dirigidas a um outro estudante no grupo de WhatsApp “Fundação Antipetismo”. As mensagens do grupo eram majoritariamente nazistas, racistas e misóginas.


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Pedro Micussi