Parlamentares do PSOL denunciam venda de armas para ditadura peruana em reunião com ministro
Reunião de parlamentares do PSOL com o ministro Mauro Vieira denunciou a ditadura peruana e pautou o fim das vendas de armas brasileiras.
No dia 7 de março, a bancada do PSOL na Câmara Federal se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para pautar o fim das vendas de armas brasileiras para a ditadura de Dina Boluarte no Peru. Participaram da reunião Fernanda Melchionna e Chico Alencar, deputados federais pelo PSOL, Vivi Reis, Bernadete Menezes e Nadja Carvalho, da direção nacional do partido, Giulia Tadini, vice-presidenta do PSOL-DF, Breno Cavalcante, da Consulta Popular, e Pedro Charbel, da liderança do PSOL na Câmara. Simultaneamente à reunião, militantes do movimento Juntos! e do PSOL realizaram um ato em frente ao Palácio do Itamaraty, onde acontecia a reunião, com uma faixa “Toda solidariedade ao povo peruano! Pelo fim do envio de armas do Brasil!”.
Armas produzidas por empresas brasileiras estão sendo vendidas para o governo peruano, e utilizadas pela Polícia Nacional Peruana e as Forças Armadas do país para reprimir e assassinar militantes e ativistas envolvidos no combate ao governo. Nos quase 3 meses de resistência contra a ditadura, já foram mais de 60 mortos pelo Estado. Como a exportação de materiais bélicos exige autorização do governo, por meio do Ministérios de Relações Exteriores, o governo Lula poderia revogar a autorização das empresas brasileiras, pressionando para que não haja mais nenhuma morte por parte da repressão estatal.
O governo Lula tem assumido uma postura diferente de muitos países da América do Sul, como é o caso da Argentina, da Bolívia e da Colômbia, que não reconhecem o governo de Dina Boluarte como legítimo. O Brasil, no entanto, não apenas reconhece Dina Boluarte, como o ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, se reuniu com representantes do governo peruano recentemente, o que reforça uma posição equivocada do governo brasileiro.
Confira alguns destaques da reunião, conforme noticiado pelo site do PSOL na Câmara:
A deputada Fernanda Melchionna destacou a importância da diplomacia brasileira na defesa da democracia na América Latina. “É urgente que o Brasil, tal como já fez a Espanha, cesse essas vendas. Já são mais de 70 assassinados no Peru em manifestações com armas não letais. Muitas mulheres e até criança”.
O deputado Chico Alencar destacou que o diálogo com o Itamaraty também é prerrogativa dos parlamentares: “É importante que a gente contribua com o governo Lula, mantenha essas pontes, em prol das relações e inclusive sobre essa questão do desarmamento. O Peru precisa voltar a uma moralidade democrática”.
O chanceler destacou a boa tradição brasileira nas relações internacionais na América Latina, que fora interrompida no último período. “Agora, no governo Lula, queremos retomar essas pontes com os vizinhos, com base nos princípios da Constituição e nos Direitos Humanos”. O ministro ressaltou que o governo brasileiro suspendeu a autorização da venda de armas letais ao Peru. No entanto, a autorização de venda ou envio de armas não letais, que seguem sendo utilizadas nas manifestações, é da alçada do Ministério da Defesa.
Mauro Vieira prometeu levar o tema ao presidente Lula e também ressaltou a importância do PSOL no apoio à causa. A ex-deputada Vivi Reis destacou o que viu recentemente em viagem ao Peru: “São muitas mortes de pessoas trabalhadoras, pessoas das comunidades mais pobres, mulheres e até crianças morrendo por causa de armas não letais brasileiras. Precisamos dizer ao mundo que não compactuamos com a violência e combater essa prática que atinge sobretudo o povo pobre e camponês”.