COLÔMBIA | “Unidade de ação” contra a base militar em Gorgona
A luta contra a base naval colombiana em Gorgona reúne diversos setores políticos e ambientalistas em sua resistência.
Foto: Indepaz
Via Indepaz
É fundamental que essa “unidade de ação” contra a base militar em Gorgona (financiada pelos EUA) também envolva partidos, setores e indivíduos da coalizão governamental, o “Pacto Histórico” (como fez no passado), também deve ser envolvido. O “Pacto Histórico” (como fez o senador Alexander López, presidente do “Polo” democrático), ou independentes. Espera-se que até mesmo da “Colombia Humana”, o partido do Presidente da República Gustavo Petro, bem como de outros partidos.
O envolvimento de organizações sociais é especialmente importante. Esse é um motivo adicional e significativo da solidariedade de Edgar Jay, do Povo Raizal, presidente da Federação de Pescadores Artesanais de Providência, e da Federação de Pescadores Artesanais de Providencia e Santa Catalina… e outras pessoas e setores independentes que têm, ou tiveram proximidade com Colombia Humana. Esta campanha, para ser forte, não é e não pode ser apenas de militantes ou simpatizantes de um determinado partido político; também é daqueles de nós que não pertencem a nenhum partido, ou pertencem a outros.
É claro que, em relação ao objetivo comum (contra a base militar naval em Gorgona), deve haver coerência; assim como é necessário ter um debate claro e argumentado com aqueles que apoiam a base desde o Governo Nacional apoiam a base, como a Ministra do Meio Ambiente, ou aqueles que até agora mantiveram silêncio, como o próprio Presidente da República. Também é pertinente apontar suas contradições. E é um direito e um dever denunciar expressões irresponsáveis e insultantes de altos cargos do Estado e da coalizão governamental, como as do senador Roy Barreras, que nos acusa de sermos “cúmplices” da máfia, para aqueles de nós que, com amplos argumentos e no exercício de nossos direitos, nos opomos ao projeto de lei. e no exercício de nossos direitos, nos opomos à base militar naval em Gorgona.
A maior importância dessa ação comum – já proposta de fato por pessoas da costa do Pacífico e de outras partes do país e outras partes do país, com os habitantes de Providencia, no Mar do Caribe -, deriva essencialmente
de seu protagonismo direto nessa luta pelos DIREITOS TERRITORIAIS dos povos étnicos; onde princípios e direitos como a autonomia e o autogoverno (consagrados na Convenção 169) são (consagrados na Convenção 169 da OIT, Lei 21 de 1991 da República, que faz parte do bloco constitucional).
A questão da territorialidade e dos direitos de autodeterminação dos povos étnicos é fundamental. Essa abordagem está presente na luta em Providencia, como menciono em meu artigo sobre “A experiência do povo Raizal”. (publicado no site do INDEPAZ).
Mas precisamos desenvolvê-la e defendê-la ainda mais: a Colômbia é um país com uma diversidade de etnias, nacionalidades e culturas.
É vital defender os direitos étnicos de todos os povos, Raizales, indígenas, afro, Rrom… Aqui há outro componente de reivindicação de autodeterminação, ao qual fizemos pouca referência até agora. Por esse motivo (entre outros), acho que uma abordagem ecológica “pura”, que poderia ser adaptada a um “bom plano de gestão ambiental” ou “melhorada”, é limitada para aceitar a base militar em Gorgona.
É necessário insistir: os direitos étnicos em geral e os direitos de territorialidade também são levantados em torno da Gorgona. Para reiterar o que já ouvimos muitas vezes, “Nós habitamos o território e o território nos habita”, devemos dizer que Gorgona pertence às territorialidades ancestrais dos povos da costa do Pacífico. O “Estado” não pode chegar lá para intervir com uma base militar e em uma área protegida, como se fosse “terra de ninguém”,assim como não pode fazê-lo nos territórios indígenas, nos Conselhos Comunitários Afro-Colombianos ou nos territórios camponeses. Os direitos territoriais exigem “consulta prévia”, mas vão muito além. São princípios de autonomia que, infelizmente, até mesmo uma certa parte da “esquerda tradicional” nunca entendeu corretamente ou desrespeitou (como fizeram as FARC com relação aos territórios étnicos, por exemplo).
Visto dessa perspectiva, essa é uma luta longa, que vem ocorrendo há muito tempo e que não termina com a atual “unidade de ação” pontual contra a base militar em Gorgona, e que a transcende. Como Como se pode ver, toda essa questão é complexa e integra elementos culturais, políticos, étnicos, ambientais, de “segurança”,de geopolítica internacional, que também incorpora a Amazônia, e que está relacionada às alianças e que está relacionada às alianças militares com uma potência mundial, os Estados Unidos (Comando Sul, OTAN). No jogo geopolítico que caracteriza a convulsiva situação mundial, não somos a favor do alinhamento com nenhuma potência….
Referências
- Mensagem do DGP para a “Audiencia Pública de la Sociedad Civil”, Cali, 21 de abril de 2023.
- Entrevista do DGP com Edgar Jay, Providencia, 13 de abril de 2023.
https://indepaz.org.co/entrevista-con-edgar-jay/