Sâmia e Glauber querem que Tacla Duran deponha no Congresso
Parlamentares apresentaram requerimento por uma audiência pública com o advogado que acusa Moro e Dallagnol de extorsão
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Os deputados federais Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ) apresentaram requerimento para que o advogado Rodrigo Tacla Duran seja ouvido em audiência pública na Câmara. O ex-defensor da Odebrecht acusa o hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e o atual deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) de extorsão. Os parlamentares foram, respectivamente, juiz e promotor da força tarefa da Operação Lava Jato.
Acusado do crime de lavagem de dinheiro para a construtora pelo MPF, Duran teria recebido uma “proposta” de pagar US$ 5 milhões para obter benefícios em acordos de delação premiada em 2016. Segundo denúncia feita pelo próprio, há cerca de um mês, o acordo teria sido intermediado pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, que teria apontado que “DD” (Deltan Dallagnol) estava a frente da negociação.
Um mês depois, Duran transferiu US$ 613 mil para o escritório de Marlus Arns, que atuava com a hoje deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP), esposa do ex-juiz da Lava Jato, em casos que envolviam a chamada Máfia das Falências. Já Zucolotto é, além de sócio dela, padrinho de casamento do casal.
Duran teria sido ameaçado por outro delator ao recusar participar do esquema e, até hoje, diz sentir os efeitos nocivos de sua decisão. No último dia 13, por exemplo, ele teve ordem de prisão determinada pelo desembargador Marcelo Malucelli, da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O magistrado derrubou decisão contrária do juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que revogou despacho expedido por Sergio Moro ainda em 2016.
Suspeitas
A decisão favorece o ex-juiz, de quem o desembargador Malucelli é bem próximo. Ele é pai de João Eduardo Malucelli, sócio da Wolff & Moro Sociedade de Advogados – escritório de advocacia de Moro e Rosângela – e namorado de Julia, 22 anos, filha do casal.
Essa intrincada e suspeita rede de relações desperta curiosidade geral e, para tanto, Sâmia e Glauber querem que Tacla Duran vá à Câmara para detalhar a acusação que fez contra os ex-cabeças da Operação Lava Jato e as recentes consequências.
“O pai do sócio do Moro mandou prender o Tacla Duran. Uma daquelas coincidências com muitas aspas, bizarras, que a gente tem visto nos últimos tempos. Mais um motivo para o acusador de Moro e Dallagnol, que disse que foi extorquido, dar o seu pronunciamento na Câmara dos Deputados”, disse Glauber. “Eu e Sâmia apresentamos o requerimento 10/2023 na Comissão de Constituição e Justiça para que seja realizada uma audiência pública com o intuito de ouvir Tacla Duran”, acrescentou
Tacla Duran, que mora na Espanha, chega hoje ao Brasil para depor ao juiz Eduardo Appio, em Curitiba. O depoimento está marcado para esta terça-feira (18), às 16h.