Fabio Felix avalia investigações de atos golpistas no DF
Matéria especial um mês dos atentados golpistas

Fabio Felix avalia investigações de atos golpistas no DF

Parlamentar do PSOL diz que CPMI do Congresso precisará de muita coordenação política

Redação da Revista Movimento 23 maio 2023, 14:00

Foto: Joedson Alves/Agência Brasil

Com a agilidade que se esperaria da Câmara dos Deputados, em 27 de janeiro, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os atos de terrorismo ocorridos na capital federal. Autor da iniciativa, o deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF) disse que a proposição lhe ocorreu ainda no dia 8, quando ainda havia terroristas destruindo os prédios da Praça dos Três Poderes.

Além da autoria dos atos, a comissão queria identificar patrocinadores, investigar a omissão de agentes de segurança e a apurar as condutas do governador Ibaneis Rocha (MDB) e de Anderson Torres, ex-ministro de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF. Quatro meses depois, ainda não foram esclarecidos o papel das Forças Armadas, os financiadores e os autores do golpe antidemocráticos. 

“Várias autoridades da PM já apontaram para as Forças Armadas em depoimentos à CPI. Agora os militares alegam que não agiram porque não havia uma decisão judicial. Todo mundo sabe que não houve uma decisão judicial taxativa porque o STF não sabia se as Forças Armadas cumpririam a decisão. Havia um ambiente de um possível golpe no país. Nos territórios militares, as Forças Armadas têm a prerrogativa de policiamento. Elas podiam ter agido de ofício, não precisavam de decisão judicial. A PM do DF teve iniciativa de desmontar o QG, especialmente depois do vandalismo do 12 de dezembro, e mesmo assim não foi autorizada pelo Comando Militar do Planalto. Como numa área militar, em frente ao QG do Exército, você instala cozinha, toca o terror durante dois meses? Imagina um acampamento do MST lá? Seria escorraçado no mesmo dia. Se não tinha decisão judicial, por que o Exército não entrou na Justiça pedindo autorização para retirar o movimento de lá? Quem pede reintegração de posse é o dono da área”, disse Felix em entrevista ao jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles.

Segundo o parlamentar, a comissão não obteve do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) documentos sigilosos que colaborariam nos trabalhos.

“Tem o fato de ser uma CPI local e ser uma CPI que não tem uma coesão, um roteiro coeso. Sinto um medo do ministro Alexandre de Moraes de que as informações do STF vazem e não sejam usadas de forma adequada. Tem gente na CPI que acha que o 8 de janeiro não foi tentativa de golpe, e que os acampamentos do QG não eram golpistas. É uma divergência central.”, afirmou.

Felix comentou que foi procurado por congressistas do PSOL, do PDT, do PSB e do PT em busca de subsídios para a CPMI dos Atos Golpistas. A todos recomenda que a comissão se estabeleça com forte coordenação política. 

“O grupo da extrema direita na Câmara vai usar a comissão para bagunçar e não para investigar. O objetivo tem de ser mostrar os intelectuais do golpe. Os planejadores, as autoridades civis e militares, os empresários. Para mim está claro. E é preciso dar uma punição rigorosa a essas pessoas. O governo Lula errou ao não ter sido o primeiro a defender a CPMI e buscar quem eram os golpistas. Por mais que os terraplanistas tentem, não há como culpar a vítima de uma tentativa de golpe”, analisou.


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Pedro Micussi