Ganhar as ruas com unidade e organização para derrotar a ditadura
No Peru, a luta unificada contra a ditadura de Dina Boluarte continua nas ruas
Foto: Wikimedia Commons
Durante meses, uma luta popular intensa e heróica demonstrou seu descontentamento e raiva com mobilizações poderosas questionando o modelo econômico, o regime burguês e sua institucionalidade. Esse grande protesto, sem precedentes, teve uma composição majoritariamente aimará, o que colocou a luta antirracista na mesa. Lima e seu setor conservador e aristocrático não tiveram outra escolha a não ser tolerar o cholo, o índio, o camponês marchando pelas ruas do centro e das áreas vizinhas, exigindo respeito e mudanças estruturais.
Nesse contexto, é importante deixar claro que essa é uma luta de longo prazo, pois se trata de mudanças fundamentais e, portanto, é um processo aberto com um resultado que dependerá da organização, da unidade e da mobilização.
Boluarte não caiu, mas ficou enfraquecida e com um regime de crise recorrente. Ao mesmo tempo, sob um pacto de impunidade, por detrás de todo este desastre deste regime, estão as manobras da direita fascista, que puxam os fios que conduzem Boluarte como uma marionete. Parte do mesmo é este Congresso desacreditado com 96% de desaprovação e um governo que não tem legitimidade, onde dia a dia está se deteriorando, e agora muito mais com o relatório da CIDH que conclui que houve violações dos direitos humanos por parte das Forças Armadas e da PNP nos protestos, denuncia que houve execuções extrajudiciais e massacres em Puno e Ayacucho, fatos que não podem ficar impunes.
PAREMOS A DITADURA
A direita fujimorista e seus aliados querem usar o recuo momentâneo da mobilização a seu favor. Estão avançando com mudanças e tomada das instituições, construindo um regime autoritário com traços fascistas, a fim de aplacar a luta e os sentimentos de mudança de nosso povo, um regime a serviço do modelo neoliberal, da corrupção e do grande capital.
Listamos algumas medidas antipopulares e antidemocráticas que, a partir do Congresso e com o apoio do Executivo, estão sendo executadas.
Fuerza Popular está tentando aprovar uma lei que permitiria a denúncia constitucional dos chefes do Júri Nacional de Eleições (JNE), da ONPE e da Reniec. Se essa afronta for aprovada, os órgãos eleitorais ficarão vulneráveis e sua independência será espezinhada, e as eleições gerais serão amarradas pelas bancadas
A eleição do representante da ouvidoria, apesar da ordem judicial para interromper o processo devido à falta de transparência, a ditadura parlamentar ainda elegeu Josué Gutiérrez, um funcionário adaptado à ditadura, e jogando contra a parede, o fujimorismo e o Perú Libre. O mesmo movimento que fez para a eleição do TC. A esquerda que a direita precisa para seus objetivos.
Embora o Poder Judiciário tenha tido que emitir um pronunciamento esclarecendo que o direito de protesto é legal, diante da tentativa da Suprema Corte de desconsiderar essa ferramenta de luta popular.
Apesar de Boluarte ter assinado, em sua campanha eleitoral, um acordo em que se compromete a não aceitar o projeto Tia Maria, esta semana a ministra de Energia e Minas, Vera, declarou que Boluarte daria sinal verde para a implementação desse projeto com a empresa transnacional Souther.
A ameaça de privatização da educação, entregando a López Aliaga a Diretoria Regional de Educação do Município de Lima, o que também coloca em risco a estabilidade no emprego dos professores.
ORGANIZAÇÃO, UNIDADE E VITÓRIA NAS RUAS
Não podemos tolerar nem mais um dia essa classe política podre e parasitária, juntamente com o sistema capitalista, sua crise irreversível nos leva ao descalabro; após a pandemia, aumentou para dois milhões de novos pobres, também o Peru, tornou-se o país com a maior insegurança alimentar na América do Sul. 16,6 milhões de peruanos, mais da metade da população. É urgente retomar a mobilização, os irmãos e irmãs de Puno propõem o dia 19 de julho como data para iniciar o processo de luta, muito bem, nessa ocasião é urgente formar um comitê nacional de luta unida, para discutir um plano de luta para derrotar o governo de Boluarte e fechar o Congresso, mas a luta não termina aqui, é necessário enterrar a constituição de 1993 para impor uma Assembleia Constituinte livre e soberana com participação popular para mudar tudo.