A Solidariedade Internacional de Bertrand Russell na Libertação de Hugo Blanco
A Campanha Internacional pela vida do líder campesino na luta pela reforma agrária
Em 25 de Junho perdemos Hugo Blanco, militante de origem trotskysta e grande liderança da luta pela reforma agrária no Peru. Devido ao seu papel mobilizando greves e ocupações de terras, foi perseguido, preso e condenado à morte. Sua sentença foi evitada graças à campanha internacional realizada pelo conjunto do trotskysmo e por setores da esquerda do mundo todo. Foi nesse momento que sua vida se encontrou com a de Bertrand Russell, famoso matemático, filósofo, membro da Trinity College da Universidade de Cambridge e agraciado com Prêmio Nobel de Literatura. Russell, além de ter grande reputação no meio acadêmico, também se reivindicava socialista, era politicamente ativo e foi uma das figuras que apoiaram Hugo Blanco, junto com Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Isaac Deutscher e Che Guevara.
Hugo Blanco deixou seu legado e exemplo, por isso continuaremos sua luta contra o capitalismo, contra a retirada de direitos dos povos indígenas que estão sendo atacados pelo Marco Temporal, em defesa dos movimentos do campo, como o MST e a FNL. Seguiremos combatendo o autoritarismo de Dina Boluarte no Peru e do bolsonarismo no Brasil, sob a bandeira do trotskysmo e da IV Internacional. Em sua homenagem, abaixo se encontra tradução própria de texto do periódico World Outlook [1] publicado na França em 5 de maio de 1967, Vol. 5 No. 18., que relata a participação de Bertrand Russell pela libertação do líder da luta camponesa no Peru.
Bertrand Russell faz apelo a Belaúnde Terry pela libertação de Líder Camponês Peruano
Bertrand Russell, filósofo e pacifista mundialmente conhecido, associado ativamente ao Tribunal Internacional de Crimes de Guerra, interveio em favor de Hugo Blanco, o líder camponês peruano foi condenado a 25 anos na prisão-fortaleza má-afamada El Frotón por seu papel organizando o movimento popular por reforma agrária massivo com implicações revolucionárias.
Declarado culpado no último 8 de setembro, num julgamento dramático em que prisioneiro virou o jogo contra os oficiais do exército que atuaram como promotor, juiz e júri no tribunal ilegal. O bravo lutador entrou com recurso de apelação diante da sentença. A resposta da acusação foi demandar a pena de morte. Desde então, o caso se tornou internacionalmente conhecido à medida que certos esforços foram feitos para salvar a vida de Hugo Blanco e, se possível, conquistar sua liberdade imediata.
O Supremo Conselho da Justiça Militar, que estava para receber o caso em abril, é a última instância de recurso do bárbaro código militar peruano mesmo Hugo Blanco sendo civil. Se for proferida uma decisão adversa, Hugo Blanco pode ser fuzilado dentro de 24 horas.
Um relatório foi recebido em Londres afirmando que Blanco havia sido levado ao tribunal com antecedência e que uma ação imediata era necessária. Bertrand Russell agiu de prontidão enviando um telegrama ao presidente Belaúnde Terry. Mais tarde descobriu-se que o relatório era infundado. O conselho militar não havia sido realizado até 16 de abril, data do telegrama de Bertrand Russell.
O texto do apelo de Bertrand Russell é reproduzido abaixo:
“Ao presidente Belaúnde Terry:
Uma pesada responsabilidade está em suas mãos que afetará e determinará seu lugar na história do Peru e da América Latina. Opiniões esclarecidas das mais diversas correntes políticas estão unidas na mais profunda preocupação pela vida e bem-estar de Hugo Blanco. Eu peço a você em nome da decência que conceda anistia a Hugo Blanco. Acima de tudo, eu peço a você que evite a sua execução que será um evento sem precedentes de injustiça e indignação. Libertando Hugo Blanco e protegendo sua vida, você e seu governo farão um grande serviço e receberão a gratidão de pessoas em todo mundo.
Eu solicito urgente e pessoalmente a ti que liberte o grande peruano tão estimado por toda humanidade.”
[1] https://www.marxists.org/history/etol/newspape/world-outlook/v05n18-may-05-1967-wo.pdf