‘BC do Bolsonaro só quer atrapalhar o Brasil’, diz Melchionna
Políticos e entidades criticam manutenção da taxa de juros em 13,75% e suspeitam de intenções de Campos Neto
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (21) pela sétima manutenção consecutiva da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. Em seu relatório, o colegiado afirmou que a conjuntura atual segue “demandando cautela e parcimônia”.
O comitê responsabilizou a inflação para a manutenção da taxa, justificando que “medidas de inflação subjacente seguem acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”., e que há “incerteza residual sobre o desenho final do arcabouço fiscal”, que ainda deverá ser apreciado pelo Congresso.
Em viagem pela Europa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) qualificou a decisão de “Irracional”:
“É irracional o que está acontecendo hoje no Brasil, você tem uma taxa de 13,75% com uma inflação de 5%”.
Segundo Lula, o presidente do BC, Roberto Campos Neto “joga contra a economia brasileira”, em um cenário em que 72% da população brasileira está endividada. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), compartilha dessa opinião.
“É a sétima vez que a Selic permanece inalterada pelo BC do Bolsonaro, que só quer atrapalhar o Brasil. Juros altos significam menos investimentos, menos crescimento econômico, mais desemprego e mais famílias endividadas”, disse.
A parlamentar faz referência ao fato que o presidente do BC foi indicado e é apoiador do ex-presidente da República. A manutenção da altíssima taxa de juros – que só beneficia aos rentistas – é mais um indicativo de que a condução da autoridade monetária é enviesada e dedicada a sabotar avanços econômicos no país. Mesmo o mercado financeiro reconhece que a situação é insustentável.
“Já está na hora de começarmos um processo de diminuição dessa taxa para, de alguma maneira, desafogar a economia. Acho que não aguentamos muito mais tempo com um acesso tão limitado ao crédito e com taxas de juros tão altas. A economia vai parar”, opinou o consultor corporativo Rafael Ribeiro, a Selic mantida em 13,75% ao ano continua a limitar o acesso ao crédito.
Entidades do setor produtivo engrossam a pressão pela redução dos juros. Em nota divulgada nesta quarta-feira (21), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) disse que “este é um momento crucial para a autoridade monetária decidir pelo início do ciclo de baixa da taxa de referência, dando fôlego à economia”. Ao todo, 51 membros do Conselhão assinaram uma carta aberta a favor da redução da Selic. Entre eles, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, a empresária Luiza Trajano e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sergio Nobre.