Pela superação da crise da direção revolucionária: Sobre meu ingresso no Movimento Esquerda Socialista
Uma das maiores tarefas de um marxista revolucionário é superar o seu próprio sectarismo.
Ingresso no Movimento Esquerda Socialista (MES) com exatidão e entusiasmo, ambos possibilitados pela confiança política no nosso horizonte socialista e pela compreensão da necessidade de disputa dos rumos do PSOL. A atual complexidade conjuntural potencializou as mais diversas dispersões de militantes socialistas, na contramão das necessidades de nossos dias. Há os que se apoiem no programa petista, em sua reedição cada vez mais fiadora da aniquilação da organização dos trabalhadores nas trincheiras da luta de classes, rifando direitos e espoliando o conjunto da classe para bancar os lucros da burguesia e colocar na conta do povo os rombos da crise capitalista. As correntes neoreformistas, inclusive internas no PSOL, tentam extirpar do partido as próprias razões de sua fundação e alicerces de sua existência. Se de um lado existe uma pressão pela capitulação, do outro lado (mas no mesmo sentido da desmobilização), as organizações sectárias e esquerdistas, que cada vez mais se acomodam em sua marginalidade política e vivem no isolamento influindo em poucas fileiras das vanguardas, caracterizam o PSOL como um campo devastado, um partido adaptado a ordem e que nada pode acrescentar para a reorganização dos revolucionários.
A realidade demonstra o oposto. As tensões seguem vivas dentro do partido, e no cotidiano da luta de classes o PSOL segue sendo referência e protagonista na combatividade (a exemplo existe a recente votação contra a reedição do Teto de Gastos, o calabouço fiscal de Lula e Haddad), e cada vez mais percebo uma centralidade no PSOL na reorganização do campo socialista e revolucionário. As frustrações das tentativas de fundação de outro espaço de reorganização só demonstram que os lugares e as práticas destes estão inadequadas. Quem encara a militância enquanto algo maior que um hobby deve assumir a responsabilidade de lidar com as contradições, com os erros e com as escolhas táticas que empregamos.
No MES encontrei uma organização que supera, e muito, onde me encontrava no início de minha radicalização socialista. O centralismo democrático deve ser um exercício dialético para a atuação, não no caminho da abnegação e seitificação, mas no caminho do convencimento político através da reflexão coletiva sobre a nossa atuação. É bastante profícuo estar organizado e construir uma coletividade que busca a compreensão de nosso contexto histórico, que busca o afinamento na análise de conjuntura, a realização dos balanços – profundamente necessários – e que tenha a capacidade organizativa de formação de novos quadros.
Para mim, não é hora de aventureirismo, não é hora de construir organizações onde a direção se enrijece em seu núcleo fundador e se nega a formar novos quadros, que possam dar continuidade e substituí-los nos rumos da organização. É cômodo confiar nas mesmas unidades de pessoas, enquanto tem suas bases aderindo à ideologia de uma “organização perfeita”, incapaz de autocrítica, incapaz de realizar balanços de suas atividades e incapaz de formar quadros que se somem nas direções do partido. A burocratização, em certos casos, vence pela comodidade.
Meu teste na luta de classes passa pela construção ativa de um projeto socialista e revolucionário, alternativo à hegemonia lulopetista, empregando a agitação de massas, mais do que a agitação de um livro do Lênin ou Trotsky lidos de forma bíblica e irreflexiva. Neste sentido não poderia aderir ao comensalismo organizativo, minha posição é de disputa direta, de construção cotidiana e de mobilização qualificada e expansiva. Descrente do parlamento, mas não negligente, com atenção redobrada às pressões do capital, assim como é necessário também em outras estruturas, como sindicatos. Flexibilidade tática, rigidez nos princípios.
Revivi uma atuação com diversidade de pensamento e unidade de ação, criando confiança em uma militância que possui a mesma confiança na política coletiva. Nutro a liberdade de crítica enquanto princípio fundamental (ainda mais em nossa complexa conjuntura) para a construção revolucionária. Não temos todos os caminhos táticos prontos e dados, temos um horizonte em construção permanente e temos companhia para chegarmos lá, isso me basta no momento.
Estaremos (Juntos!) na fileira da frente do combate às ameaças fascistas, somando forças para que assumamos as tarefas de nosso período, que não tarda a findar uma fase da experiência da nossa classe.
Parafraseando Trotsky: A resolução da crise de direção revolucionária, de nossa crise civilizatória, só pode ser resolvida pela Quarta Internacional.
Saudações Revolucionárias camaradas do MES
Saudações Revolucionárias camaradas da Quarta Internacional