Depois das primárias argentinas: fortalecer a esquerda e ampliar as resistências
A vitória da extrema direita nas primárias argentinas reforça a necessidade de mobilização popular no país
Via Marabunta
Os resultados das eleições primárias (PASO) deixaram claro o avanço da direita em nosso país. Os três principais candidatos presidenciais se posicionam a favor do pagamento da dívida ilegal, submissão às condições do FMI, a favor do consenso extrativista/exportador, do acolhimento indiscriminado de capital estrangeiro e sustentam posições “ocidentalistas” e pró-norte-americanas em relação às relações internacionais. Todos concordam que o bem-estar da sociedade está diretamente relacionado ao aumento dos lucros e à manutenção dos privilégios do grande capital. Todos se identificam com as políticas de “ajuste” que prejudicam o padrão de vida, as condições de trabalho e os direitos das maiorias populares.
Agravando ainda mais essa situação, o candidato a presidente mais votado é o mais claro expoente da extrema direita, que se apresenta como o melhor representante do grande capital e do imperialismo, com uma agenda que inclui privatizações generalizadas e a eliminação de qualquer controle público sobre a atividade privada. Ele coloca a propriedade acima dos direitos e nega a própria existência da justiça social e de qualquer política igualitária. Além disso, ele nega os crimes de lesa-humanidade e rejeita qualquer abordagem de gênero.
Organizar a resistência em torno do não pagamento da dívida, da defesa e ampliação dos direitos e conquistas populares, dos Direitos Humanos e contra a impunidade, bem como pela ampliação e extensão dos direitos democráticos, é o que exige o momento. Essa batalha deve ser travada nas ruas, no debate eleitoral e no parlamento.
A Frente de Izquierda y de los Trabajadores-Unidad (FIT-U) é uma força existente com candidaturas habilitadas para enfrentar essas tarefas, que, junto com o movimento popular organizado em nosso país (movimento operário, movimento piqueteros, movimento ambiental, movimento das mulheres e diversidades, movimento de direitos humanos e muitos outros), pode e deve ajudar a organizar a resistência e unir todos aqueles que se opõem à aliança formada pelos grandes capitalistas, pela mídia hegemônica, pela burocracia judicial, pelas forças repressivas e pela liderança política zelosa de seus privilégios. É uma força política que pode convocar todos os que apoiamos os protestos populares e denunciamos diariamente um sistema cada vez mais a serviço da desigualdade e da injustiça.
Nós que assinamos esta declaração defendemos uma aliança mais ampla do que a FIT-U, aberta a uma reflexão coletiva que alcance um público mais amplo. Uma concepção que seja plural e receptiva a diferentes tradições políticas e ideológicas, sem presumir que a organização à qual pertencemos detém a verdade completa. Na conjuntura atual, e diante dos perigos que ela apresenta, quaisquer reservas e discordâncias não devem obstruir a implementação de uma política de ampla unidade de todas as organizações populares, com o objetivo de formar uma frente política que abrace e impulsione todas as resistências. Essa frente deve defender os direitos conquistados e exigir o cumprimento do direito popular à saúde, educação e moradia. Os desafios apresentados pela direita e pela extrema direita exigem que priorizemos as concordâncias na esquerda e nos setores populares, transformando-as em presença massiva nas ruas, nas organizações populares e também no parlamento.
Nós, que assinamos esta declaração, acreditamos que é necessário nos organizar desde já para resistir ao avanço da direita e da extrema direita em todos os níveis, e que é necessário um voto consciente e eficaz em favor da classe trabalhadora e do povo. Votamos e convocamos a votar na FIT-U para fortalecer essa perspectiva, fortalecer um grupo de deputados a serviço dos interesses populares e promover alianças necessárias com outros setores populares no caminho de ampliar e fortalecer as resistências.
Buenos Aires, 23 de agosto de 2023.
Assinam:
- Colectivo Reagrupando
- Corriente Social y Política Marabunta
- Frente Popular Darío Santillán – Corriente Plurinacional
- Emancipación Sur
- Hilo Rojo – Colectivx Militante
- MULCS Movimiento por la Unidad Latinoamericana y el Cambio Social
- Organización Social Plurinacional – Arriba lxs que luchan
- Colectivo de Comunicación ContrahegemoníaWeb