Exu tem lado e não é bolsonarista! 
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Exu tem lado e não é bolsonarista! 

A Marcha para Exu, convocada por setores da direita em São Paulo, não representa a luta ancestral dos povo preto

A luta cotidiana de combate às violências, a partir das opressões estruturais em nosso país, é um compromisso ancestral com os nossos e por isso também um ato político. Combater o racismo e a intolerância religiosa, tem a ver com estar em um lado da história.

Vemos um enraizamento da extrema direita dentro das periferias e das comunidades de matrizes africanas, a partir de um processo de cooptação das lideranças com ferramentas da velha política, como as ações de assistencialismo e as dos atuais dos meios de comunicação, como as fakes news. 

Quem nunca viu aquele político que sempre aparece, na época das eleições, com promessas à comunidade e doações para crianças, ou recebeu aquela mensagem da tia evangélica no WhatsApp sobre “Exú ser o diabo”? A extrema direita tem um modelo de atuação que em nada melhora as nossas vidas, com uma ideologia de apagamento e deturpação das nossas culturas, seguindo uma lógica de ocupação e conversão do povo para uma ideia única de mundo. Esse mesmo modelo é propagado pelas igrejas comerciais. Eu vejo uma igreja a cada esquina! Quantas você já viu?

Esse enraizamento passa pelos mercadores da fé, que vendem como solução para a situação precária da vida de seus fiéis, a prosperidade no reino de Deus. Esse processo tem tido repercussão também nas comunidades de matrizes africanas, com indivíduos que comercializam nossas culturas e não assumem um compromisso real com a preservação e defesa das culturas afro-brasileiras.

A extrema direita que tem como base o fundamentalismo religioso cumpre um importante papel para a estrutura capitalista ao manter os oprimidos imóveis e causar dissociação, dando outro sentido às suas crenças, os levando a uma linha de mobilização reacionária onde a melhoria da vida material coletiva e a pluralidade de crenças e culturas, sejam consideradas inimigas, por tanto “devem ser exterminadas”.

Essa disputa se dá também a partir do confronto com figuras públicas, políticas e religiosas, que fazem um desserviço com as lutas das comunidades de matrizes-africanas, periféricas, movimentos negros, feministas, LGBTQIA+. E que cada vez mais tentam avançar com suas expressões violentas, machistas, racistas e excludentes, que se utilizam do apagamento histórico, cultural e político de povos indígenas e negros.  


Esses influenciadores das redes sociais, tictokers, lideranças ligadas a políticas reacionárias, não assumem um compromisso cultural e social com as manifestações afro-diaspóricas que, pelo contrário, reforçam ainda mais os apagamentos e as opressões, coloca em xeque os avanços do povo de terreiro.

Se por um lado é importante saudar nossos ancestrais, saudar Exu, por outro, não devemos cair em propagandas oportunistas que têm como único propósito a despolitização das comunidades de axé, as cooptando para uma ideologia conservadora. Basta olhar na história a catequização da umbanda, o embranquecimento da cultura negra, a exclusão das comunidades LGBTQIAP+, entre outros exemplos.

Uma Marcha para Exu sendo puxada por uma branquitude de classe média pautada por uma política conservadora, que diz combater a intolerância, mas não assume um comprometimento social com a luta antirracista, é pura falácia. Essas pessoas se apropriam culturalmente e simbolicamente, o que tem que nos deixar indignados, o povo de terreiro é o povo que resiste, desde a escravização contra aqueles que acham que a cultura negra deve ser extirpada.


Não traremos aqui frases como “Exu não é o diabo” ou “Marcha para Exu”, pois essas reproduzem a visão a partir do “judaico cristã”. O que queremos é a afirmação das nossas culturas e percepções de mundo a partir do movimento afro-diaspórico, que assume um modo de ser e estar no mundo que não busca a prosperidade individual, mas o avanço coletivo que garanta a vida e os direitos das pessoas, a preservação da natureza e o respeito às múltiplas formas de vivência. 

Exu não marcha, Exu gira e não é bolsonarista! Emancipar nosso axé mais do que nunca é algo necessário, para mudar os rumos da história que nosso povo passa é tarefa de todos, todas e todes nos encontrar enquanto sujeitos políticos, dialogar e encontrar a nossa força de organização para derrotar as opressões e o racismo.

Exu é negro, que ninguém esqueça isso!!! E não só negro, Exu tem lado e luta pela liberdade de seus filhos, a liberdade de ser quem somos, de sermos respeitados. Exu nos dá caminho e visão para isso.

Demonizam Exu, mas Exu não é o Diabo, mesmo que ele se dê o nome que quiser para ser subversivo, pois em nossa cultura Exu não é bom ou ruim. Exu sentinela, dono das porteiras e encruzilhadas, gargalha e nos ensina a gargalhar, não a apontar armas, mas a deixar, com a força da rua, a força do vento.

Laroiê, Mojubá, Saravá!!





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Autores

Camila Souza