Líder quilombola assassinada na Bahia sofria ameaças
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Líder quilombola assassinada na Bahia sofria ameaças

Mãe Bernadete revelou perseguição de fazendeiros da região

Redação da Revista Movimento 18 ago 2023, 17:29

Foto: Reprodução

A Polícia Civil da Bahia já iniciou as apurações sobre o assassinato de Maria Bernadete Pacífico, liderança quilombola assassinada a tiros na quinta-feira, no Quilombo Pitanga dos Palmares, no município Simões Filho (BA). Mãe Bernadete, como era conhecida, estava dentro de casa quando foi surpreendida por dois homens, vestindo capacetes, que dispararam contra seu rosto. 

Mãe Bernadete era coordenadora executiva da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), entidade que vinha denunciando ameaças, perseguições e intimações aos moradores da comunidade. A líder quilombola chegou a relatar o fato à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, durante evento realizado em julho, em Brasília.

“Recentemente, perdi um outro amigo e amiga de quilombo também. É o que nós recebemos: ameaças. Principalmente, de fazendeiros e de pessoas da região. Hoje, vivo assim: não posso sair que estou sendo revistada, minha casa é toda cercada de câmera, me sinto até mal com um negócio desse. Mas é o que acontece”, disse.

A disputa pela terra e pela água do quilombo seria a razão da violência – que inclusive vitimou um dos filhos de Mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, assassinado há seis anos. Ele levou 14 tiros.

Levantamento da Rede de Observatórios de Segurança divulgado em junho deste ano já apontava a Bahia como o segundo estado do Brasil com mais ocorrências de violência contra povos e comunidades tradicionais. Atrás apenas do Pará, o Estado registrou 428 vítimas de violência entre 2017 e 2022. 

Filho e irmão das vítimas, Wellington Pacífico pediu mais segurança e proteção ao STF.

“Ela falou, pediu por mais segurança e eu estava presente no dia. Nós somos perseguidos, as nossas lideranças são mortas. Eu perdi meu único irmão há seis anos e, agora, perco minha mãe da mesma forma, através de execução”, lamentou.

Repercussão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a notícia do crime com “pesar e preocupação”. Em suas redes sociais,  lembrou que Bernadete cobrava justiça pelo filho assassinado e prometeu medidas do governo.  

“O governo federal, por meio dos ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e Cidadania, mandou representantes e aguardamos a investigação rigorosa do caso. Meus sentimentos aos familiares e amigos de Mãe Bernadete”, disse Lula. 

O crime também foi lamentado pela ministra Rosa Weber, que divulgou nota de pesar.  

A presidente do STF disse que o crime deve ser esclarecido com urgência, “a fim de que sejam responsabilizados aqueles que patrocinaram o covarde enredo e imediatamente protegidos os familiares de Mãe Bernadete e outras lideranças locais”.  

Rosa Weber concluiu que “é absolutamente estarrecedor que os quilombolas, cujos antepassados lutaram com todas as forças e perderam as vidas para fugir da escravidão, ainda hoje vivam em situação de extrema vulnerabilidade em suas terras”. 

*Com informações da Agência Brasil


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