Defesa de Bolsonaro planeja contestar delação de Cid
Ex-ajudante de ordens fechou acordo com a PF, o que implica polêmica com o Ministério Público
Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Sentindo cada vez mais perto o calor da fogueira que há de forjar o cadeado que aprisionará o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a defesa do ex-militar deixa “vazar” que contestará a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O acordo do ex-ajudante de ordens do ex-presidente foi firmado com a Polícia Federal (PF) no último sábado (9), sem o aval do Ministério Público Federal (MPF).
O procurador-geral da República e defensor extraoficial da família Bolsonaro, Augusto Aras, chegou a afirmar nas redes sociais que a PGR não aceita esse tipo de delação. Aras mantem quente a polêmica sobre decisão contrária do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada em 2019. Em sua visão, cabe ao Ministério Público o domínio da ação penal, já que é a instituição quem denuncia ou não o investigado. Assim, só quem pode ditar o alcance do acordo de colaboração é quem acusa. Não é o caso da PF.
As contestações já estão engatilhadas. Resta agora saber o que Cid revelará em troca da liberdade vigiada concedida por Alexandre Moraes no sábado. O entorno de Bolsonaro teme que a delação de Cid sirva para incriminar mais o ex-presidente, mas também mire a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A partir de agora, o militar se apresentará toda segunda-feira na Vara de Execuções Penais, e prestará novos depoimentos. A PF deve colher novas informações e colaborações sobre os pontos-chave da investigação. Os agentes passam a checar ponto a ponto o que foi passado por Cid.
Além das provas já colhidas desde o começo da apuração do caso, a PF deve colher novos elementos que corroborem as informações.