Monica Seixas sofre perseguição na Alesp
Conselho de Ética formado por deputados da direita abriu processo por quebra de decoro contra parlamentar do PSOL
Foto: Alesp/Divulgação
O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar contra a deputada estadual Monica Seixas (PSOL). A decisão, por sete votos a um, foi tomada na sessão de ontem (24). Não por acaso, os votos favoráveis vieram de parlamentares de direita: Carlos Cezar (PL), Delegado Olim (PP), Marta Costa (PSD), Altair Moraes (Republicanos), Eduardo Nóbrega (Podemos), Alex de Madureira (PL), que é o corregedor da Casa, e Barros Munhoz (PSDB), presidente do Conselho de Ética.
A alegada justificativa para o processo foi uma discussão entre Monica e a secretária de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (Republicanos), em agosto passado. Na ocasião, Monica citou o fato de a pasta ter pouca verba e criticou a secretária bolsonarista por se dizer antifeminista.
“Eu ia me solidarizar com a secretária, mas respeito muitíssimo a autonomia dela e ela declarou aqui muitas vezes que está nesse lugar porque assim o deseja. E a gente também sabe que mulheres e negros que são usados como token para atrasar a luta das mulheres e a luta de negros e negras também estão nesse lugar, muitas vezes, porque querem”, disse Monica.
Token era um termo usado por Martin Luther King para se referir à falsa inclusão racial. Apesar de ser conhecida por quem milita em movimentos sociais, era desconhecido por Sonaira, que afirmou ter sido chamada de “massa de manobra” e afirmou estar sendo vítima de desrespeito e violência. Seguiu-se uma discussão e a sessão foi encerrada pela deputada Valéria Bolsonaro (PL) que, em seguida, protocolou o processo contra Monica no Conselho de Ética.
Perseguição
Monica Seixas atribui a situação à perseguição política que sofre pela ala conservadora da Alesp, inclusive por racismo. Tanto na justificativa do processo, Valéria usa termos racistas como “denegrir”.
“Valeria Bolsonaro, mulher branca, me acusou, mulher negra, de racismo, usando o termo “denegrir” e o Conselho de Ética, formado em sua maioria por conservadores, acatou. Venho há tempos sendo perseguida por eles que não compreendem os conceitos de racismo estrutural e velado”, comentou Monica.
A defesa da parlamentar ainda acrescenta que, na sessão onde ocorreu a rusga, seria realizada uma votação de uma representação de Monica contra Valeria, que acabou adiado.
Agora, Monica terá um prazo de cinco sessões para apresentar sua defesa. Futuramente, um dos integrantes do Conselho de Ética será escolhido relator para determinar se ela será, ou não, punida. O processo pode resultar num pedido de censura pelo uso da palavra token.