Palestina livre do rio ao mar! Conheça a nova edição da Revista Movimento
Edição especial sobre a luta do povo palestino contra o regime do apartheid sionista
Atualmente, estamos testemunhando em Gaza o que pode ser considerado o pior genocídio do século 21. Os jornais se resumem a descrever os fatos como números sem história, em uma evidente tentativa de desumanização do povo palestino e de justificação dos atos do Estado terrorista de Israel que conta com o apoio político e econômico dos Estados Unidos.
Para os que defendem a luta por justiça e para nós que viemos de um país como o Brasil, que se constituiu a partir da naturalização de hierarquias e apagamentos coloniais, exercer solidariedade para com o povo palestino é um dever e um caminho de fortalecimento da luta contra todas as injustiças. O internacionalismo como prática militante historicamente nos incentivou a estabelecer conexões entre as várias lutas pela liberdade. O internacionalismo proletário defendido por Lênin, conforme escreveu a Professora Svetlana Ruseishvili em artigo publicado por essa Revista ao tratar da defesa do povo ucraniano, está enraizado na necessidade de reconhecer a emancipação nacional de povos oprimidos, mesmo que essas nações tenham uma natureza burguesa. Lênin apoiou a libertação nacional de regiões como a Ucrânia, ele acreditava que a revolução socialista só poderia ocorrer dentro de nações emancipadas de seu domínio colonial. A luta do proletariado dos povos oprimidos por emancipação tem duas frentes: contra o domínio imperial e contra o nacionalismo burguês em seu próprio país.
Se antes exercíamos nosso internacionalismo proletário jogando reflexões e posições sobre a invasão de Putin na Ucrânia, hoje a questão palestina e a luta contra o apartheid se somam e ocupam um lugar central na situação política atual e são objeto de inúmeros artigos, textos e resoluções dessa edição. Os eventos em Gaza e suas ramificações estão redefinindo os alinhamentos da esquerda global, separando aqueles que hesitam em tomar uma posição clara daqueles que não têm medo de enfrentar a situação
de frente. Somos solidários com a resistência palestina, reconhecendo-a como uma das lutas mais cruciais de nosso tempo.
O mundo volta sua atenção para a crise em Gaza, onde uma guerra de caráter colonial busca suprimir a região, reforçando o regime de apartheid. Esses eventos têm o potencial de redefinir as dinâmicas políticas globais, desafiando os polos imperialistas e incentivando a solidariedade internacional, não à toa várias manifestações em solidariedade a Palestina foram brutalmente reprimidas mundo a fora, com destaque a Europa. O presidente colombiano, Gustavo Petro, fez um apelo para que a América Latina se
posicione contra o Estado de Israel, comparando suas ações com as práticas nazistas. Da mesma forma, o ex-presidente boliviano, Evo Morales, instou seu governo a romper relações e liderar a luta pelo cessar-fogo imediato. O foco está em fortalecer a defesa da causa palestina e fortalecer a luta pela autodeterminação dos povos em todo o mundo.
O chamado a que nos somamos aqui é para uma resistência inabalável em defesa do direito ao retorno dos refugiados, da implementação das resoluções da ONU e do fim do apartheid na região. A paz só pode ser alcançada com a restauração dos direitos nacionais, civis e humanitários do povo palestino, juntamente com a restauração de um Estado Palestino laico e soberano, com Jerusalém como capital.
Como nos dizia Nelson Mandela: “Sabemos muito bem que nossa liberdade é incompleta sem a liberdade das pessoas palestinas”. A luta do povo palestino deve ser vista como uma extensão da luta coletiva contra a opressão, afinal ela representa uma luta histórica de 75 anos contra o apartheid e a colonização. Nossa Revista está ao lado daqueles que defendem o direito inegável de lutar pela
liberdade, pela justiça e autodeterminação, reconhecendo e denunciando o sofrimento de décadas e dos crimes de guerra cometidos, incluindo deslocamentos forçados e massacres, ressaltando a relevância contínua da luta palestina como parte de uma resistência histórica contra a opressão e a colonização. Neste chamado à solidariedade, reafirma-se a necessidade de denunciar as práticas de limpeza étnica perpetradas por Israel contra os palestinos, destacando a importância de uma abordagem internacionalista na defesa dessas causas. A bandeira da luta anticolonial deve ser erguida em todos os lugares para derrotar o apartheid e a guerra imperialista na Palestina.
Tratando-se de uma edição que se soma ao clamor da luta por justiça, não poderíamos concluir sem homenagear Diego Ralf Bomfim, irmão de Sâmia Bomfim, Deputada Federal do PSOL SP e militante do MES, que foi brutalmente assassinado junto de outros dois médicos, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida, todos estavam participando de um Congresso Internacional da área de Medicina realizado na cidade do Rio de Janeiro. Fazendo coro às palavras de Sâmia em entrevista junto a Folha de São Paulo, que reproduzimos logo abaixo, reafirmamos nossa solidariedade e o compromisso de seguirmos juntos essa luta.
“Eu, como parlamentar, não só como irmã, mas unindo as duas coisas, vou fazer tudo que tiver ao meu alcance para que essa situação não se perpetue no nosso país porque hoje foi com a minha família, mas poderia ter sido com qualquer outra, aliás, como é todos os dias. Talvez esse caso tenha ganhado ampla repercussão, inclusive internacional, por se tratar de um congresso internacional de médicos, em bairro nobre do Rio de Janeiro, mas tragédias acontecem todos os dias, às vezes, em lugares menos visibilizados, à margem da sociedade, e muita gente não vê ou finge que não vê. Então é por todas elas [pessoas invisibilizadas] também que a gente vai lutar por Justiça.” (07/10/2023)
Diego, Presente! Hoje e sempre!