Sobre a violência política no 8º Congresso do PSOL
A agressão ocorrida contra o dirigente do Bloco de Esquerda durante o 8º Congresso do PSOL é inaceitável
Finalizado o 8º Congresso Nacional do PSOL, infelizmente o episódio de destaque noticiado pela mídia foi a agressão ao companheiro Roberto Robaina realizada por Rafael Andrade, conforme demonstram de forma nítida as gravações do momento. Robaina é vereador de Porto Alegre, dirigente do MES (Movimento Esquerda Socialista) e a principal liderança do bloco partidário que defende a independência do PSOL frente ao atual governo. Rafael é dirigente da Revolução Solidária no Rio de Janeiro (grupo do deputado federal Guilherme Boulos) e assessor do deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL RJ).
O episódio de violência contra Robaina teve início após uma intervenção na qual um militante do Bloco de Esquerda fazia um alerta ao dirigente Valério Arcary, da corrente Resistência. Após as tentativas de mudança na proporcionalidade da direção do partido, apoiadas pela Resistência atacando diretamente os direitos políticos da minoria partidária, o militante alertou Valério: “a mesma picareta que hoje nos ataca amanhã atacará vocês”.
Ele fazia menção ao método da maioria partidária, de tradição socialista burocrática, alertando as tendências trotskistas do PSOL alinhadas ao oficialismo sobre o risco que correrão no futuro, quando seu papel de “fiel da balança” não for mais necessário e se tornarão dispensáveis ao projeto de adaptação ao regime defendido pela maioria.
Neste momento, uma dirigente da Resistência solicitou um “direito de resposta” terceirizado em nome de Valério, recusado por uma companheira na mesa dos trabalhos já que não foi houve nenhum ataque moral e o pedido não foi feito pelo próprio companheiro, no que foi apoiada por Robaina. Neste momento se iniciou o impasse, algo comum na dinâmica partidária.
Durante o impasse, Robaina foi covardemente agredido por Rafael, que se deslocou ao palco de forma premeditada para realizar uma agressão covarde pelas costas, como mostram claramente as imagens gravadas no momento. Após esta agressão, instaurou-se um processo de confusão que só foi contido minutos depois. Toda a dinâmica do momento está gravada e poderá ser consultada futuramente pela comissão de averiguação do partido.
É importante notar que este episódio não foi inédito. No Congresso Estadual do PSOL RJ, estado do agressor, houve ataques realizados pelo mesmo grupo político (Revolução Solidária, de Boulos) contra os representantes da minoria, causando a interrupção do congresso local por horas e terminando com a exclusão do agressor identificado naquele dia.
É importante notar também que a agressão ocorreu em um momento de unidade partidária, já que a proposta de mudança no cálculo da proporcionalidade da direção (caracterizada como um golpe pela esquerda do partido) havia sido retirada e o 8º Congresso caminhava para um final com resultados aceitos por ambas as partes.
Exigimos a apuração do caso a partir das imagens do ocorrido e a tomada de sanções duras contra o agressor, que não deve permanecer nas nossas fileiras do PSOL. É necessário combater esta cultura de violência nunca vivenciada antes na história do PSOL.