Diante dos ataques do exército israelense e dos colonos, medo, desespero e raiva entre palestinos
Os ataques ao povo palestino também na Cisjordânia tem aumentado sistematicamente nas últimas semanas
Via ESSF
Os massacres do povo palestino em Gaza são indescritíveis, mas as notícias da Cisjordânia são igualmente aterrorizantes. Cidades, vilarejos e campos de refugiados isolados dia e noite; prisões e assassinatos diários; ameaças; ataques constantes e expulsão dos habitantes de seus vilarejos pelo exército israelense e pelos colonos.
Amigos em Beit Jala/Bethlehem e no campo de refugiados de Dheisheh confirmam essa situação dramática para os palestinos. Beit Jala, perto de Belém, uma cidade de maioria cristã com uma população de 12.000 habitantes, está localizada a 10 quilômetros de Jerusalém. Dezenas de milhares de palestinos deixaram Beit Jala e foram para o Chile depois de 1948 e, desde então, continuam se exilando para escapar das constantes ameaças do Estado sionista. Fala-se em 100.000 pessoas da região de Beit Jala/Bethlehem exiladas ou descendentes no Chile e nas Américas. O espanhol é falado por muitas pessoas nessas cidades. As casas abandonadas pelos exilados acolheram refugiados da Nakba.
A dez quilômetros de Jerusalém
A cidade e o campo de refugiados são cercados por assentamentos, e o muro do ódio e da vergonha construído por Israel atravessa, circunda e aprisiona o Território Palestino Ocupado. Desde que o muro foi construído, as pessoas tiveram que passar horas em postos de controle para ir de Belém a Jerusalém, a 10 km de distância. Hoje, os palestinos não têm para onde ir. Eles são prisioneiros de um estado de sítio permanente.
As imagens que eles puderam nos enviar confirmam o estado de ocupação e cerco: colonos ameaçadores, aldeões violentamente expulsos de seus campos na época da colheita de azeitonas; ruas desertas atravessadas por soldados israelenses armados; palestinos violentamente presos ao amanhecer, com mãos e pés amarrados, olhos vendados…
Michel*, que mora em Beit Jala, fala conosco sobre todos os postos de controle do exército na cidade e nos diz que coisas horríveis acontecem em toda a região de Belém, especialmente nos vilarejos e perto dos assentamentos.
Exílio? Para onde?
Hassan* vive com sua esposa e seus três filhos muito pequenos em Dheisheh. Preso em seu pequeno apartamento, eles não conseguem ver o resto da família há várias semanas. Soldados e colonos armados, folhetos de colonos ordenando que os palestinos partam para a Jordânia, três pessoas assassinadas em uma quinzena, incluindo um garoto de 16 anos. Vemos o corpo sem vida, o sangue, o funeral…
Quando perguntado sobre trabalho, ele responde que “simplesmente não há mais” e que não é fácil conseguir sustentar sua família.
O Estado sionista e colonial está travando uma guerra total em Gaza. Ele também está atacando todos os palestinos. A situação na Cisjordânia é igualmente grave. O medo, o desespero e a raiva são palpáveis em nossas conversas. Nossos amigos estão fazendo a pergunta: “Será que também devemos ir embora, como querem os colonos e o Estado sionista, antes que seja tarde demais? Mas para onde devemos ir?
Eles ainda gostariam de acreditar na solidariedade internacional e manter viva uma pequena esperança. É nosso dever demonstrar nossa solidariedade em massa, pressionar nosso governo para que diga: “Parem com essa situação”. Isso é o mínimo que devemos ao povo palestino.
* Nomes alterados a pedido