Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A autodeclaração tem perspectivas temporais e locais, de forma que, haja fluidez nesse processo. Esse aumento na autodeclaração de pessoas negras está intrinssecamente ligada a atuação do movimento negro e, principalmente, à atuação do movimento das mulheres negras, que tem trabalhado ativamente nas questão de autoestima, autovalorização, de se reconhecer como negra(o) e ter orgulho de ser negra(o).

A ascensão dos jovens negros e negras na sociedade brasileira está conectada com o grande esforços que fizeram para adentrar em uma universidade pública e, com isso, levantar debates e questões sobre um olhar de si, reconhecendo e valorizando as suas origens – construindo um debate racial onde há lugar de fala.

Os movimentos impulsionam o reconhecimento e a valorização da identidade e cultura negra, possibilitando mudanças tanto na comunidade negra, como na sociedade brasileira como um todo. A representatividade tem um papel fundamental nessa construção, pois o que antes era visto como um problema ou defeito, hoje, passamos a ver como beleza na população negra, que sempre foi a dominante no Brasil.

Esperamos que, a partir disso, esses corpos deixem de ser marginalizados e alvejados – bem como passem a ocupar cada vez mais espaços em universidades, trabalhos formais e dignos, realizando os seus sonhos com possibilidade de serem o que desejarem. Que o racismo estrutural perca cada vez mais a força e dê espaço para a valorização dos corpos negros.

Os dados dão visibilidade às desigualdades que são promovidas pelo racismo. É necessário tirar essas invisibilidade do racismo no Brasil para trazer à tona as necessidades de políticas públicas, ações afirmativas, questões de reparação e educação adequadas à população negra, que apesar de ser majoritária no território brasileiro, é minoritária em relação aos privilégios.

---