Após mortandade de peixes, sonar vai avaliar minas em Maceió
Instituto do Meio Ambiente coletou amostras de água para determinar se Lagoa Mundaú foi contaminada por sal-gema extraída pela Braskem
Foto: Gésio Passos/Agência Brasil
Como os ambientalistas já haviam previsto, o colapso da mina da Braskem na capital alagoana está causando danos à fauna da Lagoa Mundaú. No último final de semana de 2023, milhares de peixes apareceram mortos em diversos pontos do reservatório – boa parte deles, sururus, principal espécie pescada no local. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) coletou amostras de água para investigar as causas.
Historicamente poluída, a lagoa foi cenário do colapso da mina 18 da Braskem em 10 de dezembro do ano passado. Apesar de a empresa – que explorou sal-gema por mais de 40 anos às margens da lagoa – alegar que não realiza lançamentos de efluentes, a água do Mundaú tomou o espaço da estrutura subterrânea após o desabamento. A companhia ainda afirma que não houve alteração do padrão típico de qualidade, citando um estudo do Instituto do Meio Ambiente e da Universidade Federal de Alagoas.
A Braskem enfrenta investigações da Polícia Federal por suspeitas de crimes ambientais relacionados ao afundamento do solo em cinco bairros de Maceió e à remoção de 60 mil pessoas do local.
Sonar
Um estudo utilizando tecnologia de sonar está programado para avaliar a extensão dos danos causados pelo colapso da mina 18 e em outras minas próximas, divulgou a TV Gazeta nesta terça-feira (2).
A mina que desabou sob a Lagoa Mundaú era uma das 35 utilizadas pela Braskem para a extração de sal-gema. Desde 2019, todas as cavidades estão desativadas, algumas preenchidas com areia. As atividades foram suspensas após o alerta de risco de colapso da mina 18, emitido pela Defesa Civil de Maceió em 29 de novembro.
As cavidades 20 e 21, localizadas totalmente dentro da Lagoa Mundaú e consideradas uma única cavidade denominada 20/21, serão objeto de análise. Essas minas estão conectadas e são as mais próximas da mina 18.
“A gente tem certeza que ela afetou outras minas, mas o tamanho e quanto foi afetado, a gente só vai saber com esse novo estudo. Nos próximos dias, a gente vai se reunir com a Defesa Civil Nacional, Defesa Civil Municipal e outros órgãos para aprovar o plano para que de forma imediata, já nos próximos dias, a Braskem coloque em prática”, disse o chefe da seção de desastres naturais da Defesa Civil Estadual, capitão Douglas Gomes.
O estudo requer a introdução do sonar em um poço existente na região, sendo operado por um cabo conectado a um caminhão. Caso o acesso ao poço esteja bloqueado, a perfuração de um novo poço será necessária para realizar o exame.
O Ministério de Minas e Energia estabelece um espaçamento mínimo entre as minas, mas o monitoramento indica que algumas cavidades se conectaram, sugerindo que tal distanciamento não foi respeitado pela Braskem ou ocorreu devido às deformações ao longo do tempo. A operação será conduzida por uma equipe de sete pessoas de empresas contratadas pela Braskem, com previsão de duração do exame de sonar em cinco dias.
A Defesa Civil destaca que a área da mina 18 continua afundando, embora a uma velocidade significativamente menor do que antes do rompimento. O monitoramento em tempo real é realizado por meio de equipamentos de alta precisão.