Ataque de Israel ao Líbano pode ampliar conflito no Oriente Médio
Bombardeio matou um dos líderes do Hamas, que suspendeu negociações para cessar-fogo em Gaza. Hezbollah afirmou que “crime não ficará impune”
Foto: Twitter/Reprodução
Nesta terça-feira (2), um ataque com drones atribuído a Israel atingiu o subúrbio de Beirute, capital do Líbano. O alvo teria sido um escritório do Hamas em Al-Musharrafiya, afirmou a Agência Nacional de Notícias do Líbano (NNA). Saleh al-Arouri, um dos líderes da organização, morreu no bombardeio, informou o governo libanês.
Al-Arouri era um dos fundadores das brigadas Al-Qassam, o braço armado do grupo Hamas, com forte presença na Faixa de Gaza. O Hamas confirmou a morte, e fontes militares sugeriram a responsabilidade de Israel, embora o governo israelense ainda não tenha se pronunciado sobre o incidente.
O chefe da organização, Ismail Haniyeh, classificou a morte de Al-Arouri como um ato terrorista e uma violação da soberania libanesa em um discurso transmitido pela TV. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, acusou Israel pelo suposto ataque, afirmando que isso intensifica as tensões nos conflitos no Líbano, anteriormente concentrados no sul do país, perto da fronteira com Israel.
Consequências
Mikati anunciou a intenção de levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU. O incidente, se confirmado, representa o primeiro ataque a Beirute desde o início da guerra entre Israel e Hamas em 7 de outubro.
Outra consequência do bombardeio é a suspensão de todas as negociações de cessar-fogo em Gaza, informou o Hamas. O grupo libanês Hezbollah, por sua vez, afirmou que “este crime não ficará, sem dúvida, sem resposta e impune”. O secretário-geral da organização, Hassan Nasrallah, em várias declarações, afirmou que o assassinato de qualquer figura em solo libanês alteraria a equação da resposta mantida entre o Hezbollah e Israel. Assim, a morte de Arouri pode ser considerada uma escalada significativa da belicosidade na frente libanesa.
Cortina de fumaça
A Federação Árabe-Palestina no Brasil (Fepal) relaciona o bombardeio israelense à capital libanesa com o anúncio de que Israel será julgado na Corte Internacional de Justiça, em Haia, pelo crime de genocídio. A acusação foi protocolada pela África do Sul em 29 de dezembro, e será apreciada no próximo dia 11 na corte de Haia, na Holanda.
”Ao criar um fato novo, Israel tira o foco e ‘bagunça’ o cenário político desfavorável”, avalia a Fepal.
Ainda assim, a federação considera que o episódio se tratar de um atentadi terrorista, que “pode desencadear uma guerra geral no Oriente Médio”:
“Esse é o desejo dos sionistas. Novos atores podem entrar no jogo e as consequências são imprevisíveis”.