Estudantes e professores da UFRN querem diplomar aluno morto pela ditadura
emmanuel

Estudantes e professores da UFRN querem diplomar aluno morto pela ditadura

Emmanuel Bezerra foi delatado e entregue e polícia pelo reitor da instituição, em 1968  

Tatiana Py Dutra 3 abr 2024, 15:30

Foto: Reprodução

No último dia 1º, estudantes e professores da Universidade Federal do Rio Grande (UFRN) protocolaram junto à Reitoria um pedido de diplomação post mortem para Emmanuel Bezerra, estudante morto pela ditadura em 1973, aos 26 anos. O potiguar era aluno do curso de Ciências Sociais e teve os estudos interrompidos em 1968, quando foi preso.

A homenagem é uma iniciativa do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS) e dos Departamentos de Antropologia e Ciências Sociais, que inclusive organizaram um abaixo-assinado para pressionar a universidade a conceder o diploma póstumo.

Emmanuel Bezerra nasceu em São Bento do Norte (RN), e mudou-se para Natal em 1961 para fazer o Ensino Médio. Em 1967, ingressou na Faculdade de Sociologia e Política da Fundação José Augusto, precursora do curso de Ciências Sociais da UFRN.

O jovem foi integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, depois, do Partido Comunista Revolucionário (PCR). Em dezembro de 1968, com a edição do AI-5, foi denunciado e entregue à polícia pelo então reitor, Onofre Lopes. Por isso, Bezerra chegou a solicitar o trancamento formal da matrícula. 

“Emanoel Bezerra dos Santos aluno desta Faculdade, através de requerimento de fl. 2, solicita trancamento de matrícula. O pedido, por motivo superior, deixou de ser apresentado para despacho dentro de menor espaço de tempo, todavia, evidenciou-se que o mesmo foi apresentado tempestivamente. Alega como fundamento do pedido, a impossibilidade de frequentar a Faculdade, por motivo de força maior. Com efeito, é público e notório que o suplicante, por motivo de prisão, não pode frequentar a faculdade. Pelas condições, atendendo que a pretensão do requerente encontra amparo legal, sou de parecer pelo deferimento do pedido, razão pelo que o defiro”, diz trecho do relatório da Comissão da Verdade da UFRN.

Morte e reparação

Após um ano na prisão, Bezerra foi libertado e partiu para a clandestinidade. Em 1973, foi enviado ao Chile pelo PCR, para fazer contato com revolucionários brasileiros e organizações de esquerda latino-americanas para iniciar um processo de unificação do movimento anti-imperialista no continente. Acabou preso na fronteira, em meados de agosto. Preso no DOI/Codi, órgãos da repressão política do Exército, foi violentamente torturado até ser morto, em setembro.

A versão oficial do governo, em nota publicada pela imprensa burguesa, dizia que ele morrera numa troca de tiros com a polícia, ao lado de seu colega de PCR Manoel Lisboa de Moura em São Paulo. Quando a notícia foi plantada, ambos já haviam sido epultados na “vala comum” do cemitério de Perus, em São Paulo, como concluiu a Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Em entrevista ao portal Saiba Mais, o professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, Cesar Sanson, destacou que o relatório da Comissão da Verdade da UFRN, elaborado há oito anos, reconhece que servidores, professores e estudantes foram perseguidos, porém, não houve nenhuma reparação. Por isso, vê com justiça a diplomação  pós-mortem do estudante.

“Com essa reparação de reconhecimento de que Emmanuel Bezerra foi colocado para fora da universidade com o apoio inclusive da instituição, a gente quer reparar todos os outros casos de perseguição nessa instituição”, disse.

Outros nomes que o grupo gostaria de ver homenageados são Luiz Maranhão, advogado e professor da Faculdade de Filosofia, e José Silton Pinheiro, aluno da Faculdade de Educação, também assassinados pela ditadura.


TV Movimento

Calor e Petróleo – Debate com Monica Seixas, Luiz Marques + convidadas

Debate sobre a emergência climática com a deputada estadual Monica Seixas ao lado do professor Luiz Marques e convidadas como Sâmia Bonfim, Luana Alves, Vivi Reis, Professor Josemar, Mariana Conti e Camila Valadão

Encruzilhadas da Esquerda: Lançamento da nova Revista Movimento em SP

Ao vivo do lançamento da nova Revista Movimento "Encruzilhadas da Esquerda: desafios e perspectivas" com Douglas Barros, professor e psicanalista, Pedro Serrano, sociólogo e da Executiva Nacional do MES-PSOL, e Camila Souza, socióloga e Editora da Revista Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni
Editorial
Israel Dutra | 26 mar 2025

Bolsonaro no banco dos réus: as ruas devem falar!

A recente decisão do STF fortalece a luta pela prisão de Bolsonaro e seus aliados golpistas
Bolsonaro no banco dos réus: as ruas devem falar!
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 55-57
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as "Encruzilhadas da Esquerda: Desafios e Perspectivas"