O que acontecerá depois da vitoriosa greve contra a pobreza na Grécia?
População foi às ruas contra um dos custos de vida mais altos da Europa
Foto: 902.gr
Na última quarta-feira, 17 de abril, ocorreu uma das maiores greves dos últimos anos na Grécia: 100% nos transportes, 70% na construção, um grande número de empresas e entregas em veículos de duas rodas. Mas praticamente nada nos supermercados, que estão no centro das acusações de exploração da miséria. É preciso dizer que, recentemente, a repressão sindical, que também afeta o setor público, tem sido mais forte do que nunca, com ameaças à renovação de contratos.
O motivo pelo qual a participação foi tão alta é que a Grécia é quase o país mais caro da Europa. Os números fornecidos pela GSEE (Confederação Geral de Trabalhadores Gregos), a única confederação do setor privado por trás da greve, são edificantes: em três anos, o preço do azeite de oliva, um produto básico na Grécia, aumentou 87%, o dos laticínios 34% e o da eletricidade 39%. Diante da pobreza, o KEPE (Central de Planejamento e Pesquisa Econômica) está propondo a introdução de refeições escolares gratuitas para todas as crianças. Os despejos de proprietários de imóveis endividados estão aumentando, apesar da oposição frequente dos vizinhos. Para 6 em cada 10 famílias, a renda mensal é suficiente para apenas 19 dias, e as várias formas de “ajuda”, apesar da encenação, são um blefe e até mesmo um escândalo: o Ministro da Saúde está introduzindo um “serviço especial” para operações no setor público… pelo qual é cobrada uma taxa. E enquanto o governo se regozija com a atratividade do país como destino turístico, a receita gerada (20 bilhões nos primeiros 11 meses de 2023) não está sendo usada de forma alguma para combater esse terrível empobrecimento.
Divisões no sindicalismo
O GSEE esteve ausente das mobilizações recentes, embora a federação do setor público ADEDY tenha se juntado a ele e acabou convocando a mobilização – porém a ADEDY não o fez! – para exigir salários dignos e a restauração dos acordos coletivos. Embora a greve tenha sido bem-sucedida, especialmente em certos ramos do setor público, as manifestações não foram tão bem-sucedidas! Um dos motivos foi a divisão: de um lado, a PAME, a corrente sindical do KKE (Partido Comunista Grego), com uma postura anti-GSEE e antidireita; do outro, os sindicatos de base e parte da esquerda radical; e, por fim, o GSEE, com seus acentos radicais estritamente para exibição, e com ele parte da esquerda radical e reformista.
Todos juntos!
Como diz o Prin, o jornal do grupo NAR, sobre as manifestações em Tessalônica, “os comícios tiveram a menor participação em muitos anos, e isso prova a crise do atual movimento sindical e a ausência de um projeto militante e de uma estrutura que faça com que os trabalhadores queiram lutar”. Essa observação se aplica a todo o país, mesmo que possamos ver mais uma vez que a convocação dos burocratas do GSEE levou a uma greve bem-sucedida. Graças às assembléias estudantis maciças e às manifestações “Todos juntos”, ela conseguiu superar as divisões até o fim e, mesmo que ainda não tenha vencido, mostrou o caminho.