Militarização das escolas é uma desgraça na educação pública
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Militarização das escolas é uma desgraça na educação pública

O papel do movimento social de educação popular frente aos ataques do governo de direita de São Paulo

Ana Laura C. Oliveira 20 maio 2024, 10:00

Foto: Rede Emancipa

Já não é de hoje que vemos a precarização das escolas no estado de São Paulo. O governo do PSDB, sob a liderança de Alckmin e Serra, já havia começado um processo de desinvestimento na educação que piorou com o governo Doria. A falta de concursos públicos para contratar novos professores torna instável a permanência docente, com a categorização do professorado, o fim do programa Escola da Família e um plano de privatizações que não chegou a se efetivar em sua gestão, mas que gerou diversos ataques à educação pública de São Paulo.

Além disso, houve o fechamento de escolas que priorizavam a EJA e o ensino noturno. Agora, o governo Tarcísio, um embrião do bolsonarismo em São Paulo, além de cortar 10 milhões da educação, vem com um projeto ainda mais nefasto. A partir do seu secretário Feder, quer militarizar as escolas, colocando policiais dentro de um espaço que já parece uma prisão. E um momento de extrema defasagem com o  Ensino Médio, que segue com um currículo que não forma ninguém como cidadão, mas, pelo contrário, aliena e faz com que os estudantes não consigam o mínimo do estudo básico, analisando o projeto percebemos o que se pretende porque  a militarização será posta para escolas localizadas nas periferias, escola em mais “vulnerabilidade”. Uma polícia despreparada, que se utiliza da farda para matar das quebradas, ao invés de se investir na qualificação dos professores ou na estrutura da escola, pretende fazer dela um espaço ainda mais opressivo. 

A  partir do trabalho da Rede Emancipa percebemos o quanto a educação institucional está em vias de entrar em colapso. Por isso, é necessário um movimento de organização de defesa da educação de forma incondicional e radical, que busca uma nova alternativa de sociedade. Disputar as escolas por um projeto novo de sociedade sempre foi nosso objetivo, para que em cada escola onde a Rede Emancipa se organizasse houvesse também uma construção coletiva e comunitária de fortalecimento, a partir de uma educação popular e transformadora. As escolas são espaços onde temos alguns dos nossos primeiros contatos políticos, onde aprendemos a lidar com as contradições da sociedade.

Os reflexos são espaços que reproduzem o que pode haver de melhor ou de pior na sociedade. Vemos violência, espaços antidemocráticos, machismo e racismo, mas também vemos as fortes mobilizações de secundaristas lutando contra o assédio, buscando uma escola antirracista e verdadeiramente democrática, por uma estrutura melhor, por uma escola radicalmente nova.

Portanto, o projeto de educação pública segue em disputa, e nós temos a tarefa de impulsionar a construção cotidiana nas bases reais, uma luta em defesa da Educação. 

O que está posto é um projeto de atraso. E, para quem lembra como na Alemanha se organizava o fascismo, sabe que era também a partir da disputa da consciência da juventude e do trancamento da possibilidade de consciência crítica, o fascismo de enraizou com mentiras, queimando livros e impedindo a organização política democrática, com a polícia na escola servindo como instrumento de coerção. No ano em que falamos sobre os 60 anos do golpe cívico-militar, refletimos sobre o quanto o fascismo no Brasil permanece e vem ganhando espaço. A Rede Emancipa enfrenta isso cotidianamente, seja a partir da disputa com o fundamentalismo religioso das neopentecostais, ou da violência colocada para os jovens que frequentam nossos cursinhos.

A luta que enfrentamos agora nos faz refletir sobre o papel de um movimento social de educação popular, que não está para lotear suas construções e convicções por apoios políticos em momento eleitoral, como se vê em diversos lugares, mas que está para uma luta contra-hegemônica, que fortaleça o sentido de uma educação pública de qualidade, para enfrentar toda uma estrutura ainda pautada nos resquícios da ditadura e do período escravocrata. Devemos lutar no estado de São Paulo, nos organizar para lutar contra o governador Tarcísio e enfrentar a extrema direita.

A botina da rota
na roda que gira
e prende a mente
do estudante que ensina
não queremos a farda
queremos ps livros
não queremos armas
queremos caminhos
a escola que a gente quer
não pode se uma  prisão
Não a militarização!!!



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