Deportação de Muslim: subserviência da PF ao imperialismo e sionismo
Palestino foi deportado do Brasil logo após chegar no país com sua família
Na última sexta-feira, dia 21/06, o professor palestino da Universidade da Malásia, Muslim M. A. Abuumar Raja, chegou ao Brasil junto de sua família (esposa, filho e sogra) para visitar seu irmão que é brasileiro. Apesar de não ser a primeira vez que a família vem ao Brasil, dessa vez eles foram surpreendidos logo que chegaram ao aeroporto por uma detenção arbitrária junto com um interrogatório sobre sua posição em relação ao Genocídio em Gaza e sobre a resistência Palestina.
Muslim é conhecido por denunciar as atrocidades cometidas pelo sionismo ao seu povo, além de ser diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia e do Oriente Médio (OMEC). Após quase 3 dias que a família permaneceu detida em solo brasileiro sob ameaça de extradição e sem a possibilidade de ver seus parentes, a Deportação aconteceu no domingo a noite pelas mãos do Delegado Camilo Graziani, que já participou de encontros e conversas com a Confederação Israelita do Brasil (CONIB).
Essa ação arbitrária e cheia de xenofobia e islamofobia não somente é inconstitucional mas também demonstra que nossa polícia é subserviente ao sionismo e imperialismo estadunidense, uma vez que a denuncia que levou a deportação foi baseada em uma lista norte americana que não possuí provas de suas acusações ou qualquer respaldo de organizações internacionais . É uma situação grave e inadmissível que abre precedentes perigosos que ameaçam a soberania nacional.
Leia abaixo a carta de Muslim Abuumar denunciando o ocorrido.
Declaração à Imprensa sobre a Infeliz Decisão da Polícia Federal Brasileira de me Proibir de Entrar no País
Acabei de chegar à minha casa em Kuala Lumpur após uma viagem familiar malsucedida para visitar meu irmão no Brasil, que infelizmente foi impedida pela intervenção sionista, claramente devido às minhas atividades acadêmicas em apoio à luta palestina.
Esta árdua jornada incluiu uma decisão injusta da Polícia Federal de impedir minha entrada no Brasil, emitida por ordem de um país estrangeiro imperialista que patrocina ativamente o genocídio israelense em Gaza. Ao chegar ao Aeroporto Internacional de Guarulhos em São Paulo na noite de sexta-feira (21 de junho de 2024), vários policiais se aproximaram de mim na entrada do aeroporto e me levaram, junto com minha família, para interrogatório. As perguntas centraram-se nas minhas opiniões políticas e atividades acadêmicas em apoio à causa palestina. Fui questionado sobre palestrar em conferências acadêmicas internacionais sobre a Palestina, minha participação em fóruns internacionais organizados por think-tanks internacionais, e minhas opiniões sobre a guerra em Gaza. Fui muito claro ao afirmar que, como acadêmico e como palestino, acredito que Israel é um regime de apartheid que está cometendo um genocídio em Gaza e deve ser levado à justiça, e que isso está de acordo com o direito internacional e a posição do próprio governo brasileiro.
Após a sessão de interrogatório, na qual não foi fornecido nenhum advogado nem tradutor, os oficiais de segurança do aeroporto me informaram da decisão da Polícia Federal de impedir a minha entrada e a da minha família no país e de nos deportar imediatamente para o exterior. Rejeitei a ordem de deportação e pedi esclarecimentos sobre o motivo da proibição, especialmente porque tenho um visto de entrada múltipla válido e já visitei o país anteriormente sem problemas. Além disso, nunca violei nenhuma lei brasileira e sei bem que o governo brasileiro não vê a resistência palestina como terrorismo. Naquele momento, ficou muito claro que as ordens vieram de fora do país, de uma potência imperialista estrangeira que tem um longo e sombrio histórico de intromissão nos assuntos de outros países.
Nas 48 horas seguintes, com a ajuda de estimados ativistas palestinos, especialmente o chefe do Instituto Brasil Palestina, Dr. Ahmed Shehada, lutei uma batalha legal contra a decisão injusta da polícia. Enquanto isso, vários parlamentares e ativistas brasileiros travaram uma dura batalha política e midiática contra o influente lobby sionista no Brasil. Esta guerra de narrativas ainda está em andamento.
O período de 48 horas incluiu nossa detenção forçada dentro do hotel do aeroporto e a emissão de uma ordem judicial apressadamente preparada, confirmando a proibição da polícia e a deportação imediata para fora do país. A polícia apresentou um conjunto de alegações fabricadas de apoio ao terrorismo, devido à minha atividade acadêmica em apoio à causa palestina e minha posição clara em apoio aos direitos palestinos e denunciando a ocupação sionista terrorista da Palestina.
Infelizmente, meu advogado de defesa não teve tempo suficiente para refutar essas acusações infundadas, que simplesmente violam a própria Constituição brasileira, que estipula que o Brasil respeita o direito internacional, e a lei brasileira que não considera a resistência palestina como terrorismo.
Para mim e para os ativistas brasileiros que apoiam os direitos palestinos, a batalha ainda não acabou, e continuaremos a busca legal para anular esta decisão injusta e exigir desculpas e indenização. Tenho absoluta certeza de que a justiça prevalecerá no final.
Muslim Abuumar,
Terça-feira, 25 de junho de 2024
Kuala Lumpur