A Campanha Salarial e a necessidade da mobilização dos bancários
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A Campanha Salarial e a necessidade da mobilização dos bancários

A categoria bancária se mobiliza em luta por melhores salários e condições de trabalho

Bento José Ferreira 13 jul 2024, 09:25

A Conferência Nacional Bancária e o Congresso dos Bancos Públicos foram um importante momento de retorno aos encontros nacionais presenciais para preparar a campanha salarial da categoria bancária. A campanha salarial neste ano ocorre em um cenário onde os bancos alcançaram lucros bilionários e há uma melhora no cenário político com a derrota eleitoral de Bolsonaro. O lucro líquido dos 5 maiores bancos do país chegou a R$ 108.593 milhões.

A categoria bancária sofre com um adoecimento alarmante, fruto do assédio moral, de um ritmo alucinante de trabalho e da pressão para o cumprimento de metas completamente fora da realidade. A pesquisa nacional feita pela CONTRAF/CUT sobre Gestão e Patologias do Trabalho demonstrou que 80,5% da categoria têm presença intensa de sobrecarga de trabalho sofrendo com cansaço, desgaste e frustação no trabalho. Nos últimos cinco anos o afastamento nos bancos aumentou para 26,2 %. A categoria bancária representa cerca de 1% do emprego formal no Brasil, mas já responde por 25% dos afastamentos acidentários por doenças mentais e comportamentais no país. Em 2012, esse percentual era de 12%.

No BB a situação não é diferente: o lucro sobe enquanto o assédio moral cresce e a pressão sobre os funcionários aumenta cada vez mais. Em 2010 o BB tinha 109.026 funcionários, hoje tem 84.712. No mesmo período, o lucro do banco passou de R$ 27 bilhões para R$ 35,6 bilhões em 2023. Um desempenho que está sendo atingido com aumento do ritmo de trabalho e com estabelecimento do assédio moral institucionalizado.

A categoria bancária está cada vez mais adoecida e endividada. Hoje 71% dos trabalhadores têm dívidas e 10% destes estão com dívidas em atraso. Se considerarmos o período de 1995 a 2023, as perdas salariais dos funcionários do BB são de 41,67 %. Entre os anos de 2020 ale 2023 a perda salarial foi de 1,01 %.

Infelizmente os congressos dos bancos públicos e a Conferência Nacional não prepararam uma pauta com eixos claros e um calendário de mobilização da categoria para mudar essa situação. Os congressos foram uma soma de paineis com espaços reduzidíssimos para os bancários construírem eixos nacionais para a campanha salarial e um calendário de mobilização que fossem capazes de mover a categoria para enfrentar essa situação.

A possibilidade da mobilização da categoria depende de uma revolta da base. As condições objetivas da categoria têm elementos necessários para essa rebelião acontecer. Mas a história da luta de classes demonstra que não são somente as condições objetivas que levam os trabalhadores a mudarem a realidade pelas suas mãos. O papel da oposição é criar as melhores condições possíveis para essa revolta aconteça.

Não existe possibilidade e seria um erro a oposição tentar substituir a categoria. Nós vamos tentar construir as condições, mas cabe à categoria se colocar em movimento. A mobilização dos bancários necessariamente vai enfrentar a direção majoritária do movimento. Hoje uma greve da categoria é uma necessidade, mas para ser deflagrada será contra a CONTRAF/CUT.

Todos os setores da oposição decidiram construir um encontro nacional bancário nos dias 27 e 28 de julho em Brasília. Nesse encontro vamos construir eixos prioritários para a campanha salarial e um calendário nacional de mobilização. Vamos com tudo disputar esses eixos nas assembleias da campanha salarial. No encontro também discutiremos formas de organização da oposição em nível nacional para dar conta dessas tarefas.


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