Extrema direita vence primeiro turno das eleições francesas
Partido de Marine Le Pen teve 33% dos votos e especialistas projetam que terá maioria absoluta no Parlamento
Foto: RS Marine Le Pen/Fotos Públicas
O presidente Emmanuel Macron foi o grande derrotado no primeiro turno das eleições francesas, neste domingo (30). A coalizão Juntos, da qual faz parte seu partido, Renascimento, ficou em terceiro lugar no pleito, com 20% dos votos. O primeiro colocado foi o Reunião Nacional (RN), da líder de extrema direita Marine Le Pen, com 33%. Em segundo, ficou a Nova Frente Popular (NFP), bloco de esquerda e extrema-esquerda, com 28%.
Segundo projeções, os ultradireitistas estão muito perto de conquistar a maioria absoluta da Assembleia Nacional. Analistas calculam que eles podem ocupar entre 230 e 280 das 577 vagas no Parlamento após o segundo turno. Seria um salto: atualmente, a RN tem 88 deputados. Especialistas atribuem esse crescimento à conquista de um eleitorado conservador, preocupado com temas como imigração, criminalidade e perda de poder aquisitivo.
A eleição registrou uma participação expressiva do eleitorado, alcançando 66,7%, a mais alta do século 21. Na França, onde o voto não é obrigatório, a intensa polarização entre direita e esquerda motivou uma grande parte dos 49 milhões de eleitores cadastrados a votar.
Segundo turno
A esquerda francesa tenta agora se articular com lideranças de Centro para derrotar a RN no segundo turno, ainda que os centristas acusem Jean-Luc Mélenchon, 72, líder da França Insubmissa (LFI) e maior partido da NFP, de radicalismo e antissemitismo.
Macron – que dissolveu a Assembleia Nacional no último dia 9, após resultado desfavorável do governo nas eleições para o Parlamento Europeu – lançou comunicado à imprensa conclamando à união:
“Diante da RN, a hora é de uma grande aliança claramente democrata e republicana para o segundo turno”.
Porém, internamente, o presidente já estaria admitindo ter um primeiro-ministro de oposição. Possivelmente, o premiê será o presidente da RN, Jordan Bardella, de 28 anos. A jovem liderança disse que respeitará as funções do presidente, mas afirmou que será intransigente em relação às políticas de combate ao crime e à imigração. Durante a campanha, ele sugeriu, inclusive, que franceses com dupla nacionalidade sejam proibidos de exercer cargos públicos “sensíveis”.