França| Fortalecer a esquerda unida e militante, impedir que a extrema direita chegue ao poder
A luta eleitoral contra a extrema direita francesa continua após o primeiro turno
Foto: NPA
Essas eleições legislativas confirmam o perigo assustador da extrema direita, que teve uma pontuação historicamente alta. Esses resultados são a combinação do desenvolvimento do nacionalismo e do racismo em certas categorias da população, o crescente apoio das classes dominantes à extrema direita, transmitido pela mídia, e o colapso da ala direita – tanto macronista quanto da LR (do presidente Macron como Os Republicanos) – cujas políticas desagradaram a população. Com a possível chegada ao poder do RN (Reencontro Nacional, de extrema direita) e de seus aliados e apoiadores, o perigo do neofascismo aumenta um pouco mais na França.
A ascensão da esquerda é a boa notícia dessas eleições. Suas importantes pontuações foram obtidas graças à unidade das forças políticas, associativas e sindicais, que mobilizaram centenas de milhares de pessoas para se manifestar e fazer campanha. Essa unidade não pinta ninguém de vermelho, não esquece as responsabilidades das políticas liberais adotadas pelos chamados governos de esquerda, de Mitterrand a Hollande, na desorientação e na raiva das classes trabalhadoras que sofreram com elas. Ela se baseia na urgência, mas também na demanda pela implementação do programa da Nova Frente Popular. Mas essa unidade em torno da Nova Frente Popular não é, neste momento, forte o suficiente para compensar as perigosas pressões da extrema direita, as campanhas de acusações difamatórias de antissemitismo e terrorismo, a falsa e insultante simetria entre os “extremos” pronunciada pelos macronistas, mas também as dúvidas decorrentes das derrotas sociais acumuladas e sobre a solidez da unidade da esquerda minada pelos conflitos internos das últimas semanas.
Para fazer recuar a extrema direita e avançar uma esquerda militante, em uma situação de profunda crise do capitalismo, devemos fortalecer a unidade de ação de toda a esquerda. De baixo para cima, estejamos juntos e lutemos lado a lado: para nos manifestarmos contra a extrema direita e nos defendermos dos ataques de pequenos grupos fascistas, para resistirmos a medidas antissociais, discriminatórias ou autoritárias, à violência policial e racista, à violência sexista e sexual, para defendermos o aumento dos salários e dos benefícios sociais, o retorno à aposentadoria integral aos 60 anos, para reavivarmos a solidariedade internacionalista e anticolonialista com a Palestina, a Ucrânia ou Kanaky e, de modo mais geral, com todos os povos vitimados pelo imperialismo francês. É por meio da mobilização de todos juntos para mudar o equilíbrio de poder que podemos mudar a vida.
O NPA-L’Anticapitaliste convoca todas as organizações políticas, sindicais e associativas de esquerda – começando pelas forças políticas que compõem a Nova Frente Popular – a se reunirem o mais rápido possível, em nível local e nacional, para implementar medidas e ações conjuntas, sempre que possível. Antes e depois das eleições, tanto nas urnas quanto nas lutas, o fortalecimento da esquerda em ação é o caminho para restaurar a confiança da classe trabalhadora em suas próprias forças.
Nos próximos dias, precisamos de uma explosão popular contra a perigosa ascensão da extrema direita, para gerar as mobilizações e manifestações de rua mais massivas possíveis.
Quanto ao segundo turno das eleições legislativas no próximo domingo, sabemos que, aconteça o que acontecer depois, precisaremos de um bloco sólido de esquerda social e política para resistir. Sejam quais forem as condições, para conquistar essas candidaturas é necessário confirmar e ampliar os votos do primeiro turno em favor da Nova Frente Popular e seus aliados.
O principal desafio desse segundo turno continua sendo impedir que a extrema direita chegue ao poder em poucos dias, um objetivo essencial para o nosso campo social. Sabemos que as políticas defendidas ou implementadas pela direita, em especial pelo macronismo no poder, contribuíram em grande parte para abrir caminho para a RN, retomando algumas de suas medidas e ajudando a lhe dar legitimidade, ao mesmo tempo em que atacavam setores cada vez mais amplos da população e da esquerda. No entanto, entre dois perigos, devemos primeiro fazer tudo o que pudermos para eliminar o mais importante e mais imediato.
No próximo domingo, tendo em vista os interesses imediatos das populações de origem imigrante, de todo o mundo do trabalho, da defesa dos direitos e das liberdades públicas, é imperativo derrotar a RN, seus aliados e apoiadores, de preferência com uma boa esquerda.
Além do segundo turno, o que foi construído no centro dessa campanha, uma esquerda unida e militante, deve continuar: confirmar um programa de ruptura, nutrir e alimentar as mobilizações mais necessárias do que nunca, permitir que o maior número de pessoas permaneça organizado além dessas eleições, uma condição para reviver uma verdadeira esquerda combativa.
Nesse contexto, a responsabilidade da Nova Frente Popular, de todas as organizações de luta sindical e associativa é enorme no próximo período: construir os mais amplos coletivos e mobilizações unidas contra a extrema direita e o macronismo (se ele sobreviver a essas eleições), levar as aspirações das classes trabalhadoras e impor as medidas do programa da NFP. Nas urnas e nas ruas, para derrotar a NR, para voltar ao caminho das lutas pelo progresso social, pelo planeta, por outra sociedade!
Domingo, 30 de junho de 2024