O novo desafio de Macron
Emmanuel Macron em maio - Jeso Carneiro / Flickr

O novo desafio de Macron

Parlamento dividido em três grupos acirra disputas por composição do governo

Tatiana Py Dutra 8 jul 2024, 08:00

Foto: Reprodução

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, cumpriu a promessa feita no final de semana de deixar o cargo caso o campo político do governo perdesse o papel como o partido mais forte à esquerda no parlamento. Nesta segunda-feira (8), ele apresentou sua renúncia ao presidente Emmanuel Macron, que rejeitou sua saída. Em comunicado, o Palácio do Eliseu afirma que “o presidente pediu que Attal continue como primeiro-ministro por enquanto para garantir estabilidade ao país”.

A Nova Frente Popular, uma coalizão de esquerda na França, garantiu 182 cadeiras no parlamento, conforme os resultados do segundo turno das eleições legislativas. A aliança centrista de Emmanuel Macron, conhecida como Ensemble, ficou em segundo lugar, com 168 cadeiras. O Reunião Nacional, partido de extrema direita, obteve 143 cadeiras – contrariando as expectativas de vitória do primeiro turno, quando se sagrou vitorioso..

Apesar de a ameaça de um parlamento liderado em maioria pela ultradireita, Macron tem a frente  um novo desafio: negociar a formação de um novo governo às vésperas da realização de uma olimpíada no país e uma reunião de cúpula da Otan. A eleição deixou o parlamento francês dividido em três grandes grupos, com plataformas extremamente diferentes e nenhuma tradição de trabalho conjunto.

A coalizão republicana que impediu a chegada da extrema direita ao poder já disputa espaço no governo. Conforme o colunista Jamil Chade, de UOL, a Nova Frente Popular deve apresentar ainda na segunda-feira um candidato ao cargo de primeiro-ministro. As lideranças passaram a madrugada reunidas em busca de um nome de consenso. 

Governo em disputa

Mas a oposição centrista e outros partidos alertam que o bloco de esquerda não conta com maioria absoluta (289 cadeiras) e, portanto, não garantiria automaticamente a posição de comando. Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, é rejeitado por Emmanuel Macron, que já afirmou que, sob nenhuma circunstância, formará um governo sob sua liderança.

“Estamos com uma Assembleia dividida. Temos de nos comportar como adultos”, disse Raphael Glucksmann, líder socialista na eleição ao Parlamento Europeu, sinalizando que outras composições podem ser estabelecidas.

François Bayrou, um aliado tradicional de Macron, afirmou que “ninguém venceu a eleição” e propôs a formação de uma coalizão de centro para possibilitar a governabilidade.

Por outro lado, essa visão não é compartilhada pela esquerda. Olivier Faure, primeiro secretário do Partido Socialista (PS), declarou nesta segunda-feira que os resultados evidenciaram “uma clara rejeição ao campo presidencial” e que a “única alternativa confiável” é a Nova Frente Popular. Ele assegurou que seu bloco apresentará um nome para o cargo de primeiro-ministro ainda esta semana.

Faure pediu que Macron reconheça sua derrota e disse que foi graças a eles que a extrema direita foi derrotada.

 “Foi porque pedimos uma frente republicana no segundo turno e o sacrifício de nossos candidatos que o Rassemblement National (RN) não teve maioria.


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Pedro Micussi