Bete Lopes, não esqueceremos
Em memória da militante do MES/PSOL gaúcho que faleceu recentemente
Voltava de uma reunião com dirigentes da regional São Caetano, saindo da sede do PSOL, quando amigos e militantes de longa data me comunicaram por mensagem o falecimento de Bete Lopes.
Senti uma pequena vertigem sob meus pés. Uma falta que até agora está pesando.
Elisabete Pereira Lopes, aliás Bete Lopes nos deixou. Sua saúde frágil teve complicações nos últimos meses. Tinha lúpus.
Bete se integrou muito jovem à Organização, após concluir o ensino médio no Colégio Júlio de Castilhos. Eram os primeiros anos do PSOL. Ela foi parte de uma camada muito importante nas batalhas iniciais para afirmar o Partido no Rio Grande do Sul, uma geração de jovens muito dedicada e capaz que seria a base essencial da campanha que elegeu Fernanda Melchionna em 2008.
Atuante no movimento estudantil da PUC, gostava muito de estudar os clássicos, além, claro, de sua grande paixão pela poesia. Bete se identificava com o estilo da grande poetisa portuguesa Florbela Espanca.
Recordo da dedicação quando das nossas escolas de formação, sempre muito ativa. Mesmo quando eram temas difíceis, como da vez que fizemos uma escola, em Santa Maria, sobre as teses de Feuerbach. Como militante, Bete se dedicava e inclusive ajudava outros quadros a ler e reler os textos, com paciência e camaradagem.
Anos mais tarde, fez parte do movimento estudantil na UFCSPA, além de atuar na base das categorias da saúde. Sempre nos acompanhou nas campanhas políticas e eleitorais, nos congressos partidários e nas passeatas e greves. Bete foi candidata a deputada federal em 2010 e a vereadora em 2012 para ajudar na legenda do PSOL. Esteve no encontro fundacional do Juntos!, em Goiânia (2011).
Mesmo com a piora de sua saúde, fazia questão de demonstrar seu apoio. Era daquelas militantes firmes, mesmo quando na retaguarda, que Lenin dizia serem “o tesouro do Partido”, que nem sempre podiam estar na frente das atividades, mas que se podia contar para bons e maus momentos.
Liguei, ainda tarde da noite, para Ete, com quem tinha ido visitar Bete numa das suas internações no hospital, há alguns anos. Ficamos em silêncio durante boa parte da ligação. A tristeza falou mais alto.
Também fala e falará alto a lembrança. Não esqueceremos de Bete.
Um forte abraço carinhoso para seus familiares, amigos e militantes do PSOL RS.
Colo abaixo um pequeno trecho de um poema de Bete, de 2007, publicado em uma das inúmeras cartilhas do movimento estudantil, sob o título “SOS Educação”. É uma homenagem modesta.
Gritamos com orgulho que não iremos nos render.
Pedimos socorro pelas sementes que ainda não brotaram,
pelas árvores que estão crescendo
e para o conhecimento não ser substituído pelo indiferente cimento.
Exigimos um basta nos cortes!
Os empresários não sabem quais são nossas prioridades.
Queremos um trabalho digno!
Uma educação para a vida
e não para a submissão.
Apoiamos os que lutam por teto, emprego, terra
enfim pela libertação de toda opressão.