Conflitos geopolíticos, anti-imperialismo e internacionalismo em tempos de “aceleração reacionária”
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Conflitos geopolíticos, anti-imperialismo e internacionalismo em tempos de “aceleração reacionária”

Uma análise da situação mundial em crise e das tarefas colocadas para a esquerda

Jaime Pastor 19 nov 2024, 09:17

Foto: Posto militar israelense no Líbano (Wikimedia Commons)

Via Viento Sur

No âmbito geral da crise multidimensional em que nos encontramos, agora agravada pelo estímulo fornecido pela recente vitória eleitoral de Trump para a ascensão da extrema direita em escala global, parece ainda mais evidente que estamos testemunhando uma profunda crise da (des)ordem geopolítica internacional, bem como das regras básicas do direito internacional que foram estabelecidas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. A manifestação mais trágica dessa crise (que coloca em questão até mesmo o futuro da ONU) pode ser encontrada na guerra genocida contra Gaza (Awad, 2024), que atualmente se junta a cerca de 56 guerras em todo o mundo.

Nesse contexto, o sistema hierárquico imperialista baseado na hegemonia dos EUA é abertamente questionado e desafiado por outras grandes potências, como a China e a Rússia, além de outras em nível regional, como o Irã. Essa competição geopolítica global é claramente evidente em certos conflitos militares, de cuja evolução dependerá uma nova configuração das relações de forças dentro desse sistema, bem como nos blocos que estão presentes ou em formação, como os BRICS. Diante desse novo cenário, neste artigo, vou me concentrar em uma descrição sumária do panorama atual para, em seguida, caracterizar as diferentes posições que aparecem dentro da esquerda nessa nova fase e insistir na necessidade de construir uma esquerda internacionalista que se oponha a todos os imperialismos (principais ou secundários) e que seja solidária com as lutas dos povos prejudicados.

Policrise e neoliberalismos autoritários

Há um amplo consenso entre a esquerda sobre o diagnóstico que podemos fazer da crise global pela qual o mundo está passando hoje, com a crise eco-social e climática como pano de fundo. Uma policrise que podemos definir com Pierre Rousset como “multifacetada, o resultado da combinação de várias crises específicas”. Portanto, não estamos diante de uma simples soma de crises, mas de sua interação, que multiplica sua dinâmica, alimentando uma espiral de morte para a espécie humana (e para grande parte das espécies vivas)” (Pastor, 2024).

Uma situação que está intimamente relacionada ao esgotamento do regime de acumulação capitalista neoliberal iniciado em meados da década de 1970, que, após a queda do bloco hegemonizado pela URSS, deu um salto em direção à sua expansão em escala global. Um processo que levou à Grande Recessão iniciada em 2008 (agravada pelas políticas de austeridade, pelas consequências da crise pandêmica e pela guerra na Ucrânia), que acabou frustrando as expectativas de ascensão social e estabilidade política que a prometida feliz globalização havia gerado, principalmente entre setores significativos das novas classes médias.

Uma globalização, vale lembrar, que se expandiu sob o novo ciclo neoliberal, que, ao longo de suas diferentes fases: combativa, normativa e punitiva (Davies, 2016), vem construindo um novo constitucionalismo econômico transnacional a serviço da tirania corporativa global e da destruição do poder estrutural, associativo e social da classe trabalhadora. Mais seriamente, ele transformou a civilização de mercado em senso comum, “a única civilização possível”, embora todo esse processo tenha assumido diferentes variantes e formas de regimes políticos, geralmente baseados em Estados fortes imunes à pressão democrática (Gill, 2022; Slobodian, 2021). Um neoliberalismo que, no entanto, mostra hoje sua incapacidade de oferecer um horizonte de melhoria para a maioria da humanidade em um planeta cada vez mais inóspito.

Encontramo-nos, portanto, em um período, tanto em nível estatal quanto interestatal, cheio de incertezas, sob um capitalismo financeirizado, digital, extrativista e rentista que torna nossas vidas mais precárias e busca a todo custo lançar as bases para uma nova etapa de crescimento com um papel cada vez mais ativo dos Estados a seu serviço. Para isso, está recorrendo a novas formas de dominação política que tendem cada vez mais a entrar em conflito não apenas com as liberdades e os direitos conquistados após longas lutas populares, mas também com a democracia liberal. Dessa forma, um neoliberalismo cada vez mais autoritário está se espalhando, não apenas no Sul, mas cada vez mais no Norte, com a ameaça de uma “aceleração reacionária” (Castellani, 2024). Um processo agora estimulado por um trumpismo que está se tornando a principal estrutura discursiva de uma extrema direita em ascensão, pronta para se constituir como uma alternativa à crise da governança global e à decomposição das velhas elites políticas (Urbán, 2024; Camargo, 2024).

O sistema hierárquico imperialista em disputa

Nesse contexto, aqui exposto de forma sucinta, estamos presenciando uma crise do sistema hierárquico imperialista que prevalece desde a queda do bloco soviético, facilitada justamente pelos efeitos gerados por um processo de globalização que levou a um deslocamento do centro de gravidade da economia mundial do Atlântico Norte (Europa-EUA) para o Pacífico (EUA, Leste e Sudeste Asiático).

De fato, após a Grande Recessão que começou em 2007-2008 e a consequente crise da globalização neoliberal, abriu-se uma nova fase na qual está ocorrendo uma reconfiguração da ordem geopolítica global, que é tendencialmente multipolar, mas ao mesmo tempo assimétrica, na qual os EUA continuam sendo a grande potência hegemônica (monetária, militar e geopolítica), mas se encontram mais enfraquecidos e desafiados pela China, a grande potência em ascensão, e pela Rússia, bem como por outras potências subimperiais ou secundárias em diferentes regiões do planeta. Enquanto isso, em muitos países do Sul, diante da pilhagem de seus recursos, do aumento da dívida soberana e de revoltas populares e guerras de vários tipos, o fim do desenvolvimento como um horizonte a ser alcançado está dando lugar a populismos reacionários em nome da ordem e da segurança.

Assim, a competição geopolítica global e regional está sendo acentuada por diferentes interesses concorrentes, não apenas nas esferas econômica e tecnológica, mas também nas esferas militar e de valores, com o consequente aumento dos etnonacionalismos estatais diante de supostos inimigos internos e externos.

No entanto, não devemos esquecer o alto grau de interdependência econômica, energética e tecnológica que vem se materializando em todo o mundo no contexto da globalização neoliberal, como foi abertamente destacado tanto pela crise pandêmica global quanto pela falta de um bloqueio efetivo à Rússia na esfera energética, apesar das sanções acordadas. A isso se somam dois novos fatores fundamentais: por um lado, a atual posse de armas nucleares por grandes potências (existem atualmente quatro focos nucleares: um no Oriente Médio (Israel) e três na Eurásia (Ucrânia, Índia-Paquistão e península coreana); e, por outro lado, as crises climática, energética e de materiais (estamos em tempos de crise!), que tornam essa situação substancialmente diferente do que era antes de 1914. Esses fatores condicionam a transição geopolítica e econômica em andamento, estabelecendo limites para uma desglobalização que provavelmente será parcial e certamente não será feliz para a grande maioria da humanidade. Ao mesmo tempo, esses fatores também alertam para o aumento dos riscos de escalada nos conflitos armados nos quais as potências com armas nucleares estão direta ou indiretamente envolvidas, como nos casos da Ucrânia e da Palestina.

Essa especificidade do atual estágio histórico nos leva, de acordo com Promise Li, a considerar que o relacionamento entre as grandes potências (especialmente entre os EUA e a China) é baseado em um equilíbrio instável entre “cooperação antagônica” e uma crescente “rivalidade interimperialista”. Um equilíbrio que poderia ser rompido em favor desta última, mas que também poderia ser normalizado dentro da busca comum de uma saída para a estagnação secular de um capitalismo global no qual a China (Rousset, 2021) e a Rússia (Serfati, 2022) já se inseriram, embora com evoluções muito diferentes. Um processo, portanto, cheio de contradições, extensível a outras potências, como a Índia, que fazem parte do BRICS, no qual os governos de seus países membros até agora não questionaram o papel central de organizações como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, que ainda estão sob a hegemonia dos EUA (Fuentes, 2023; Toussaint, 2024).

No entanto, está claro que o enfraquecimento geopolítico dos EUA – especialmente após seu fiasco total no Iraque e no Afeganistão e, agora, a crise de legitimidade que seu apoio incondicional ao estado genocida de Israel está acarretando – está permitindo maior espaço potencial de manobra por parte de diferentes potências globais ou regionais, especialmente aquelas com armas nucleares. Portanto, concordo com a descrição de Pierre Rousset:

O declínio relativo dos Estados Unidos e a ascensão incompleta da China abriram um espaço no qual as potências secundárias podem desempenhar um papel significativo, pelo menos em sua própria região (Rússia, Turquia, Brasil, Arábia Saudita etc.), embora os limites dos BRICS sejam claros. Nessa situação, a Rússia não deixou de apresentar à China uma série de fatos consumados nas fronteiras orientais da Europa. Ao agirem em conjunto, Moscou e Pequim eram, em grande parte, os donos do jogo no continente eurasiano. Entretanto, não houve coordenação entre a invasão da Ucrânia e um ataque real a Taiwan (Pastor, 2024).

Isso, sem dúvida, facilitado pelo maior ou menor peso de outros fatores relacionados à policrise, explica a eclosão de conflitos e guerras em partes muito diferentes do planeta, mas, em particular, em três epicentros atuais muito relevantes: Ucrânia, Palestina e, embora por enquanto em termos de guerra fria, Taiwan.

Nesse contexto, vimos como os EUA usaram a invasão injusta da Ucrânia pela Rússia como álibi para relançar a expansão de uma OTAN em crise para outros países do Leste e do Norte da Europa. Esse objetivo está intimamente associado à reformulação do “novo conceito estratégico” da OTAN, como vimos na cúpula que essa organização realizou em Madri em julho de 2022 (Pastor, 2022) e, mais recentemente, na cúpula realizada em julho deste ano em Washington. Esta última reafirmou essa estratégia, bem como a consideração da China como o principal concorrente estratégico, ao mesmo tempo em que evitou qualquer crítica ao Estado de Israel. Isso mostra os padrões duplos (Achcar, 2024) do bloco ocidental em relação ao seu envolvimento na guerra na Ucrânia, por um lado, e sua cumplicidade com o genocídio cometido pelo Estado colonial de Israel contra o povo palestino, por outro.

Mais uma vez, também vimos o crescente interesse da OTAN no flanco sul, a fim de prosseguir com sua necropolítica racista contra a imigração ilegal, enquanto ainda aspira competir pelo controle dos recursos básicos nos países do sul, especialmente na África, onde o imperialismo francês e norte-americano está perdendo terreno para a China e a Rússia.

Assim, vem ocorrendo uma redefinição da estratégia do bloco ocidental, no qual a hegemonia dos EUA foi fortalecida militarmente (graças, sobretudo, à invasão da Ucrânia pela Rússia) e à qual uma União Europeia mais dividida está claramente subordinada, com seu antigo motor alemão enfraquecido. No entanto, após a vitória de Trump, a UE parece determinada a fortalecer seu poder militar em nome da busca de uma falsa autonomia estratégica, já que permanecerá vinculada à estrutura da OTAN. Enquanto isso, muitos países do Sul estão se distanciando cada vez mais do bloco, embora com interesses diferentes entre eles, o que diferencia as possíveis alianças que podem ser formadas daquela que caracterizou o Movimento dos Não Alinhados no passado.

De qualquer forma, é provável que, após sua vitória eleitoral, Donald Trump faça uma grande mudança na política externa dos EUA para implementar seu projeto MAGA (Make America Great Again) além da esfera geoeconômica (intensificando sua competição com a China e, embora em um nível diferente, com a UE), especialmente em relação aos três epicentros de conflito mencionados acima: em relação à Ucrânia, reduzindo substancialmente a ajuda econômica e militar e buscando alguma forma de acordo com Putin, pelo menos, sobre um cessar-fogo; em relação a Israel, reforçando seu apoio à guerra total de Netanyahu; e, finalmente, diminuindo seu envolvimento militar com Taiwan.

Qual é o internacionalismo anti-imperialista da esquerda?

Nesse contexto de ascensão do neoliberalismo autoritário (em suas diferentes versões: a extrema direita reacionária e o extremo centro, principalmente) e de vários conflitos geopolíticos, o grande desafio para a esquerda está em como reconstruir forças sociais e políticas antagônicas ancoradas na classe trabalhadora e capazes de forjar um anti-imperialismo e um internacionalismo solidário que não estejam subordinados a uma ou outra grande potência ou bloco capitalista regional.

Uma tarefa que não será fácil, pois na fase atual estamos testemunhando profundas divisões dentro da esquerda em relação à posição a ser mantida diante de alguns dos conflitos mencionados acima. Tentando sintetizar, com Ashley Smith (2024), poderíamos distinguir quatro posições:

A primeira seria aquela que se alinha com o bloco imperial ocidental na defesa comum de supostos valores democráticos contra a Rússia, ou com o Estado de Israel em seu injustificável direito à autodefesa, como tem afirmado um setor majoritário da esquerda social-liberal. Uma posição que esconde os reais interesses imperialistas desse bloco, não denuncia seus padrões duplos e ignora a tendência cada vez mais desdemocratizante e racista dos regimes ocidentais, bem como o caráter colonial e de ocupação do Estado israelense.

O segundo seria o que geralmente é descrito como campista, que se alinharia com Estados como a Rússia e a China, que considera aliados contra o imperialismo dos EUA por considerá-lo o principal inimigo, ignorando os interesses geopolíticos expansionistas dessas duas potências. Uma posição que lembra aquela defendida no passado por muitos partidos comunistas durante o período da Guerra Fria em relação à URSS, mas que agora se torna uma caricatura em vista da natureza reacionária do regime de Putin e do persistente despotismo burocrático estatal na China.

A terceira é a do reducionismo geopolítico, que agora se reflete na guerra na Ucrânia, limitando-se a considerar que se trata apenas de um conflito interimperialista. Essa atitude, adotada por um setor do pacifismo e da esquerda, implica negar a legitimidade da dimensão nacional da luta da resistência ucraniana contra a potência ocupante, ao mesmo tempo em que critica o caráter neoliberal e pró-branqueamento do governo que a lidera.

Por fim, há aquela que se posiciona contra todos os imperialismos (sejam eles maiores ou menores) e contra todos os padrões duplos, mostrando-se pronta para demonstrar solidariedade com todos os povos prejudicados, mesmo que eles possam contar com o apoio de uma ou outra potência imperial (como os EUA e a UE em relação à Ucrânia) ou regional (como o Irã em relação ao Hamas na Palestina). É uma posição que não aceita o respeito às esferas de influência que as várias grandes potências aspiram proteger ou expandir, e que é solidária com os povos que lutam contra a ocupação estrangeira e pelo direito de decidir seu futuro (em particular, com as forças de esquerda nos países que estão comprometidos com uma alternativa ao neoliberalismo), e não está alinhada a nenhum bloco político-militar.

Essa última é a posição que considero mais coerente em uma esquerda anticapitalista. Na realidade, guardando a distância histórica e reconhecendo a necessidade de analisar a especificidade de cada caso, ela coincide com os critérios que Lênin tentou aplicar quando analisou a centralidade que a luta contra a opressão nacional e colonial estava adquirindo na fase imperialista do início do século XX. Isso se refletiu, com relação aos conflitos que eclodiram naquela época, em vários de seus artigos, como, por exemplo, em “A revolução socialista e o direito das nações à autodeterminação”, escrito em janeiro-fevereiro de 1916, no qual ele argumentou que

A circunstância de que a luta pela liberdade nacional contra uma potência imperialista pode ser explorada, sob certas condições, por outra “grande” potência para atingir fins igualmente imperialistas não pode forçar a social-democracia a renunciar ao reconhecimento do direito das nações à autodeterminação, assim como os repetidos exemplos do uso de slogans republicanos pela burguesia para fins de fraude política e pilhagem financeira (por exemplo, nos países latinos) não podem forçar os social-democratas a renunciar ao seu republicanismo (Lênin, 1976).

Uma posição internacionalista que deve ser acompanhada de mobilização contra o processo de remilitarização em andamento pela OTAN e pela UE, mas também contra o de outras potências, como a Rússia e a China. E deve estar comprometida em colocar a luta pelo desarmamento nuclear unilateral e a dissolução dos blocos militares de volta no centro da agenda, assumindo o bastão do poderoso movimento pacifista que se desenvolveu na Europa durante a década de 1980, com as ativistas feministas de Greenham Common e intelectuais como Edward P. Thompson na vanguarda. Uma orientação que obviamente terá de ser inserida em um projeto global ecossocialista, feminista, antirracista e anticolonial.

Referências

Achcar, Gilbert (2024) “El antifascismo y la caída del liberalismo atlántico”, viento sur, 19/08/24.
Awad, Nada (2024) “Derecho Internacionalismo y excepcionalismo israelí”, viento sur, 193, pp. 19-27.
Camargo, Laura (2024) Trumpismo discursivo. Madrid: Verbum (a ser publicado).
Castellani, Lorenzo (2024) “Avec Trump, l’ère de l’acceleration réactionnaire”, Le Grand Continent, 8/11/24.
Davies, William (2016) “Neoliberalismo 3.0”, New Left Review, 101, pp. 129-143.
Fuentes, Federico (2023) “Entrevista a Promise Li: Rivalidad EE UU-China, ‘cooperación antagónica’ y antiimperialismo”, viento sur, 191, 5-18.
Gill, Stephen (2002) “Globalization, Market Civilization and Disciplinary Neoliberalism”. En Hovden, E. y Keene, E. (Eds.) The Globalization of Liberalism. Londres: Millennium. Palgrave Macmillan.
Lenin, Vladimir (1976) “La revolución socialista y el derecho de las naciones a la autodeterminación”, Obras escogidas, Tomo V, pp. 349-363. Moscú: Progreso.
Pastor, Jaime (2022) “El nuevo concepto estratégico de la OTAN. ¿Hacia una nueva guerra global permanente?“, viento sur, 2/07/22.
—(2024) “Entrevista a Pierre Rousset: Crisis mundial y guerras: ¿qué internacionalismo para el siglo XXI?”, viento sur, 16/04/24.
Rousset, Pierre (2021) “China, el nuevo imperialismo emergente”, viento sur, 16/10/21.
Serfati, Claude (2022) “La era de los imperialismos continúa: así lo demuestra Putin”, viento sur, 21/04/22.
Slobodian, Quinn (2021) Globalistas. Madrid: Capitán Swing.
Smith, Ashley (2024) “Imperialismo y antiimperialismo hoy”, viento sur, 4/06/24.
Toussaint, Eric (2024) “La cumbre de los BRICS en Rusia no ofreció ninguna alternativa”, viento sur, 30/10/24.
Urbán, Miguel (2024) Trumpismos. Neoliberales y autoritarios. Barcelona: Verso.


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