Grupos sociais denunciam pressões para destruir o Sítio Arqueológico Saracura Vai-Vai, em SP
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Grupos sociais denunciam pressões para destruir o Sítio Arqueológico Saracura Vai-Vai, em SP

Consórcio responsável pela Linha 6-Laranja do Metrô quer retomar obra que ameaça apagar séculos de história e resistência negra no Bixiga

Tatiana Py Dutra 18 fev 2025, 10:33

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A possível destruição do Sítio Arqueológico Saracura Vai-Vai, localizado no Bixiga, em São Paulo, representa uma perda irreparável para o patrimônio histórico e cultural brasileiro. Descoberto em junho de 2022, durante escavações para a construção da Linha 6-Laranja do Metrô, o local abriga vestígios materiais de grande relevância, que contam a história do Quilombo do Saracura e das tradições afro-brasileiras na região.

No espaço de 280m², foram identificados mais de 20 mil artefatos, entre fios de contas, conchas marinhas, cachimbos de argila e madeira e imagens que possivelmente representam divindades afro. Estia-se que esses achados remontem ao final do século XIX e que esteam ligados a um templo religioso existente no quilombo antes da urbanização do Bixiga, tornando o sítio um testemunho fundamental da resistência e identidade negra na cidade.

Apesar do reconhecimento da importância histórica do local, sua preservação está ameaçada. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) declarou que os artefatos estão sendo estudados para correta identificação e datação, mas movimentos sociais ressaltam que isso não é suficiente. A adaptação do projeto da futura “Estação 14 Bis” é essencial para garantir que essa riqueza histórica seja preservada e valorizada.

Diante da ameaça de destruição do sítio, a mobilização popular tem sido intensa. Em contrapartida, denuncia apoiadores da causa denunciam que o Iphan está sendo pressionado pelo Linha Uni, consórcio responsável pela obra, para liberar a construção – o que resultaria na aniquilação definitiva do sítio e na invisibilização da memória do Quilombo do Saracura. O processo de licenciamento, deslocado para Brasília, já recebeu parecer favorável às empresas envolvidas, ignorando manifestações anteriores da Coordenação Nacional de Arqueologia.

Experiências internacionais demonstram que é possível conciliar desenvolvimento urbano e preservação histórica, como explica Luciana Araújo, do movimento Mobiliza Vai-Vai, formado por moradores do Bixiga e apoiadores da história afro-brasileira:,

“É possível seguir com a obra da estação e preservar os achados, como na estação Termini (em Roma), no Campo 24 de Agosto (em Portugal), a Monastiraki (em Atenas). Mas no Brasil o empreendedor só quer discutir os impactos da preservação na lucratividade”, critica.

A vereadora Luana Alves (PSOL) destaca a luta incansável dos ativistas do Mobiliza Vai-Vai contra a pressão de grupos econômicos que tentam apagar a história negra do Bixiga. 

“O Bixiga é uma região que sofre constante pressão da especulação imobiliária e do poder econômico. Mas esse grupo tem resistido heroicamente, ao lado de aliados do movimento negro e da preservação da memória antirracista, enfrentando forças poderosas que tentam silenciar essa história”, afirma.

Uma das propostas defendidas pelo movimento é que o Metrô não apenas proteja o sítio arqueológico, mas também reconheça a importância do Quilombo do Saracura em sua estrutura, alterando o nome da futura estação para “Saracura Vai-Vai”. 

“Queremos que esse sítio arqueológico se torne um espaço de conhecimento, que a história do nosso povo negro seja contada para as futuras gerações. Essa é uma tarefa histórica e necessária”, conclui Luana.

A luta pela preservação do Sítio Arqueológico Saracura Vai-Vai é um chamado à consciência coletiva: trata-se de garantir que a história negra do Brasil não seja enterrada sob concreto, mas sim resgatada, valorizada e eternizada na memória da cidade.


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Camila Souza