Anexação russa trava negociações e ameaça soberania da Ucrânia
Kremlin reafirma controle sobre territórios ocupados, dificultando acordo de paz e prolongando a guerra que já dura três anos
Foto: RS/via Fotos Publicas
A Rússia reforçou sua posição inegociável sobre a anexação de territórios ocupados na Ucrânia, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na quinta-feira (27). A declaração enfraquece qualquer perspectiva de um acordo para o fim da guerra, já que a Ucrânia mantém sua promessa de recuperar integralmente suas terras.
Atualmente, as forças russas controlam cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, além de regiões como Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson. A comunidade internacional não reconhece essas anexações, consideradas ilegais. A posição do Kremlin inviabiliza negociações, pois Kiev rejeita qualquer concessão territorial como condição para um cessar-fogo.
A guerra, que já ultrapassa três anos, teve início com a invasão russa ao leste ucraniano e evoluiu para um conflito prolongado, sem avanços significativos para nenhum dos lados. Enquanto Moscou não consegue expandir suas conquistas, as forças ucranianas também não obtêm sucesso absoluto em expulsar os invasores. A chegada de caças europeus e norte-americanos deu novo impulso à Ucrânia, que apresentou ao Parlamento um “plano de vitória” detalhando estratégias para recuperar territórios.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou no último fim de semana estar disposto a deixar o governo em troca da paz, mas descartou qualquer recuo na exigência de que a Rússia devolva todas as áreas ocupadas. Paralelamente, os Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, tentam mediar negociações com Moscou, excluindo Kiev e os países europeus do diálogo – a estratégia tem sido amplamente criticada.
Diante do impasse, a soberania da Ucrânia continua ameaçada. Com o controle russo sobre partes estratégicas do país, o conflito se prolonga, sem um horizonte claro para sua resolução e com implicações profundas para a estabilidade geopolítica da região.