Armistício sob impasse aprofunda crise humanitária em Gaza
Mais de 36 mil mortos e milhares famintos, enquanto Tel Aviv ignora exigências do Hamas por um cessar-fogo real
Foto: Naaman Omar/Apaimages
O novo impasse nas negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas escancara, mais uma vez, a postura intransigente do regime sionista, que voltou a violar acordos previamente costurados. A proposta apresentada pelos Estados Unidos e aceita por Israel não contempla as exigências mínimas do povo palestino e foi rejeitada pelo Hamas.
“O plano não responde a nenhuma das demandas de nosso povo”, afirmou Bassem Naim, alto dirigente do Hamas, em comunicado oficial divulgado nesta quinta-feira (29). Apesar da rejeição inicial, Naim destacou que o movimento segue analisando o documento.
A própria Casa Branca confirmou que Israel assinou a proposta norte-americana, revelando a cumplicidade direta de Washington com a manutenção da ocupação e da violência na Faixa de Gaza.
“Posso confirmar que o enviado especial [Steve] Witkoff e o presidente [Trump] apresentaram uma proposta de cessar-fogo ao Hamas, que Israel aprovou e apoiou”, disse a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, em coletiva.
O jornal israelense Haaretz informou que o acordo previa, em troca de um cessar-fogo temporário de 60 dias, a libertação de dez reféns vivos e a devolução de 18 corpos. A proposta ainda incluía uma cláusula que permitiria estender a trégua caso não houvesse avanço nas negociações por um cessar-fogo permanente — uma formulação vaga que não garante a segurança da população palestina.
O Hamas respondeu que qualquer proposta “deve servir aos interesses do povo de Gaza, proporcionar alívio e permitir alcançar um cessar-fogo permanente”.
Uma catástrofe humanitária sem precedentes
Enquanto as negociações fracassam, o genocídio segue em Gaza. Segundo dados atualizados da ONU e da Al Jazeera, o número de mortos já ultrapassa 36.000 pessoas, sendo a maioria mulheres e crianças, vítimas diretas dos bombardeios incessantes e das operações militares israelenses.
A situação humanitária é desesperadora. Mais de 1,7 milhão de palestinos estão deslocados, vivendo em condições desumanas. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), mais de meio milhão de pessoas estão enfrentando fome extrema, em um colapso total dos sistemas de saúde, saneamento e abastecimento.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a denunciar os ataques israelenses, afirmando que “a destruição sistemática de Gaza não é apenas uma violação do direito internacional, mas uma mancha permanente na consciência da humanidade”.
Apesar das negociações, a escalada da violência indica que Israel, com o apoio dos Estados Unidos, continua rejeitando qualquer solução real que garanta um cessar-fogo duradouro e a autodeterminação do povo palestino.