Deputadas do PSOL pressionam Lula a romper relações comerciais e militares com Israel
Documento denuncia genocídio em Gaza e exige que Brasil deixe de ser cúmplice da barbárie
Foto: Divulgação
Artistas, intelectuais e parlamentares brasileiros engrossam a pressão sobre o governo Lula para que rompa imediatamente as relações diplomáticas, comerciais e militares com Israel, em repúdio ao massacre cometido contra o povo palestino na Faixa de Gaza. Entre os signatários do abaixo-assinado divulgado nesta quarta-feira (28) estão nomes como Chico Buarque, Gregório Duvivier e o sociólogo Emir Sader, além de deputadas do PSOL que articulam uma ofensiva dentro do Congresso.
A carta aberta denuncia o genocídio em curso na Palestina, com números alarmantes: mais de 36 mil palestinos assassinados, segundo dados atualizados do Ministério da Saúde de Gaza. O documento denuncia o cerco desumano imposto por Israel, que ameaça diretamente a vida de 2,3 milhões de pessoas, incluindo 14 mil bebês em risco iminente de morte por fome e falta de cuidados médicos, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Fernanda e Sâmia na linha de frente
Enquanto cresce a mobilização da sociedade civil, deputadas do PSOL, como Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna, lideram uma articulação no Congresso Nacional para cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um posicionamento à altura da gravidade do cenário. Elas preparam uma carta que exige o rompimento total das relações comerciais, diplomáticas, militares, energéticas e tecnológicas com Israel.
“O que falta para o Brasil romper relações com Israel? O mundo não pode seguir inerte, assistindo ao genocídio televisionado na Palestina sem medidas para deter Israel. E o Brasil precisa dar o exemplo! Há tempos agitamos essa bandeira, e na Câmara estamos coletando assinaturas de parlamentares em uma carta para pressionar o governo Lula pelo rompimento de relações. Para cumprir nosso papel na luta contra a barbárie colonialista, queremos rompimento de relações diplomáticas, comerciais, militares, energéticas e tecnológicas”, afirmou Sâmia Bomfim.
O documento das deputadas ecoa a declaração do próprio presidente Lula, que já qualificou a ação israelense em Gaza como uma “campanha de extermínio”, durante discurso em fevereiro deste ano, e também compara os ataques de Israel ao “Holocausto”, gerando forte reação do governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu.
Pressão internacional cresce
O Brasil, que reconhece o Estado da Palestina desde 2010, tem sido cobrado a tomar medidas concretas para não se manter cúmplice da tragédia. Recentemente, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, participou de uma reunião em Madrid com representantes de 19 países para discutir formas de pressionar Israel a cessar sua ofensiva brutal. A cúpula ocorre no momento em que Israel ameaça realizar um “ataque sem precedentes” contra Rafah, cidade que abriga mais de 1,4 milhão de palestinos deslocados, agravando ainda mais a crise humanitária.
Além disso, países como Colômbia, Bolívia, Turquia e África do Sul já adotaram sanções ou romperam relações diplomáticas com Israel, aumentando o isolamento internacional do regime sionista.
Responsabilidade histórica
As deputadas do PSOL argumentam que o Brasil precisa assumir sua responsabilidade histórica e se alinhar às nações que se recusam a ser coniventes com a política colonialista, racista e genocida de Israel. “O silêncio ou a omissão, neste momento, é cumplicidade. O povo palestino não pode esperar”, reforçam no texto.
O movimento ganha cada vez mais apoio popular e se insere em uma onda global de boicotes e sanções contra Israel, seguindo os princípios do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), inspirado na luta contra o apartheid na África do Sul.