Thiago Ávila retorna ao Brasil após prisão arbitrária em Israel
Ativistas da Flotilha da Liberdade tentavam romper bloqueio ilegal de Israel e levar ajuda a Gaza. Repressão expõe violação de direitos
Foto: Freedom Flotilha Coalition/Instagram
Após três dias de prisão arbitrária sob custódia israelense, o ativista brasileiro Thiago Ávila, 38 anos, está sendo deportado de Israel nesta quinta-feira (12). Ele foi levado ao Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, e deve embarcar para o Brasil nas próximas horas. Thiago integrava a Flotilha da Liberdade, uma ação internacional não violenta para romper o bloqueio ilegal imposto por Israel à Faixa de Gaza e levar ajuda humanitária à população palestina sitiada.
A embarcação Madleen, que tinha como destino o território palestino de Gaza, transportava 12 ativistas de diferentes nacionalidades, além de mantimentos e suprimentos emergenciais – simbolizando a resistência civil global contra o cerco imposto por Israel desde 2007. A missão foi brutalmente interrompida ainda em águas internacionais, no Mediterrâneo, quando a Marinha israelense cercou e deteve a tripulação, em mais uma violação do direito internacional.
Além de Thiago, foram presos e agora deportados os ativistas Mark van Rennes (Holanda), Suayb Ordu (Turquia), Yasemin Acar (Alemanha), Reva Viard (França) e Rima Hassan (França). Nenhum deles aceitou assinar a ordem de deportação, que exigia admitir, falsamente, que haviam “entrado ilegalmente” em Israel – embora jamais tenham pisado em solo israelense por vontade própria.
Thiago foi mantido em regime de isolamento na quarta-feira (11), em aparente retaliação por ter organizado a flotilha e por iniciar uma greve de fome e sede como forma de resistência pacífica. Segundo sua advogada, do centro jurídico palestino-israelense Adalah, ele foi ameaçado pelas autoridades israelenses com sete dias de solitária. A organização também denunciou que os detidos sofreram maus-tratos, incluindo privação de sono, comida, água potável e assistência jurídica adequada.
MIssão solidária
A ação da Flotilha da Liberdade buscava denunciar o bloqueio de Gaza, classificado como punição coletiva por especialistas da ONU e que já levou à morte de milhares de palestinos, especialmente desde o início da ofensiva militar israelense em outubro de 2023. Segundo relatório atualizado da ONU em maio de 2025, mais de 36 mil pessoas foram mortas em Gaza desde então, incluindo 14 mil crianças. Mais de 90% da população enfrenta insegurança alimentar aguda, e a fome atinge níveis catastróficos, principalmente no norte do território.
A ativista sueca Greta Thunberg, que também integrava a Flotilha foi deportada na terça-feira, e continua sua militância internacional pelo fim do bloqueio:
“Romper o bloqueio de Gaza é um dever moral da nossa geração. Solidariedade com quem arrisca a vida por isso”.
O retorno de Thiago Ávila ao Brasil reacende o debate sobre a omissão da comunidade internacional diante das violações sistemáticas cometidas por Israel.
“Eles tentam silenciar a solidariedade com intimidação e cárcere. Mas a justiça e a humanidade não se dobram”, declarou Thiago em nota divulgada por apoiadores.
A ocupação e o bloqueio à Faixa de Gaza, amplamente condenados por organizações como Anistia Internacional, Human Rights Watch, ONU e Cruz Vermelha, seguem impondo sofrimento em massa a milhões de palestinos. O esforço dos ativistas da Flotilha da Liberdade lembra ao mundo que a solidariedade internacional é uma arma poderosa – e que a luta pela libertação de Gaza continua.