Ataque incendiário em águas da Tunísia contra a Global Sumud Flotilla reforça urgência de ação internacional
A flotilha exige providências imediatas da comunidade internacional. Mais do que palavras de repúdio, o momento pede ações concretas de proteção
Foto: Capturas de tela dos ataques ao Family Boat, ao Alma e dos ataques com munições incendiárias em Gaza. (Instagram/Global Sumud Flotilla; Instagram/Ibrahim Salem; Instagram/Hani Abu Rezeq; Instagram/Tony La Piccirella)
Na madrugada desta terça-feira, 9 de setembro de 2025, a Global Sumud Flotilla foi alvo de um ataque incendiário em águas da Tunísia. Um agressor lançou substâncias inflamáveis contra uma das principais embarcações, em um ato que os organizadores denunciam como iniciativa criminosa com fortes indícios de participação do Exército de Israel. Trata-se de uma clara violação do direito internacional e da soberania de um Estado estrangeiro.
O atentado poderia ter provocado uma tragédia de proporções irreparáveis, colocando em risco a vida de civis desarmados que participam de uma missão humanitária destinada a levar alimentos, medicamentos e apoio médico ao povo palestino em Gaza. Ainda assim, os tripulantes reafirmaram o compromisso de seguir até a costa palestina, determinados a cumprir o objetivo de aliviar o sofrimento de milhares de famílias sitiadas.
Em paralelo, da própria Tunísia e do Egito partem caravanas humanitárias por terra, reunindo milhares de pessoas que neste momento caminham rumo à fronteira de Gaza. Esse movimento mostra que a flotilha não é um ato isolado, mas parte de uma mobilização internacional sem precedentes, que une povos e nações em defesa da vida diante da catástrofe humanitária em curso.
De acordo com dados da ONU e da Agência Reuters, em torno de 100 pessoas morrem diariamente em Gaza, grande parte delas crianças. Desde o início do conflito, os mortos já somam dezenas de milhares, numa escalada que desafia todos os limites da consciência humana e põe em xeque os fundamentos da civilização contemporânea.
Diante desse quadro, a flotilha exige providências imediatas da comunidade internacional. Mais do que palavras de repúdio, o momento pede ações concretas de proteção, capazes de garantir a segurança das 44 nações representadas na missão humanitária. A omissão, agora, equivaleria não apenas ao fracasso de uma operação de socorro, mas a um ataque direto contra a esperança de milhões que acreditam na solidariedade global.
A cobrança recai sobre a chamada nova governança internacional, representada pelos BRICS. Se o bloco pretende falar em nome de uma ordem multipolar mais justa, precisa assumir responsabilidade histórica: emitir notas oficiais contundentes, preparar imediatamente um corredor militar e humanitário e impedir novas agressões contra civis desarmados.
O ataque em águas tunisianas é um marco perigoso. Os indícios de participação de forças vinculadas ao Exército de Israel apontam não apenas para uma agressão contra uma flotilha civil, mas para uma violação direta da soberania da Tunísia e dos princípios fundamentais do direito internacional.
A história já mostrou o preço da inação. Este pode ser um desses momentos decisivos. Se a comunidade internacional falhar agora, diante de um genocídio que mata 100 pessoas por dia — muitas delas crianças —, assinará um pacto de cumplicidade com o horror.
Mesmo sob fogo, a Global Sumud Flotilla insiste: seguirá até Gaza. E a pergunta que paira sobre os organismos multilaterais e sobre os BRICS é simples e incontornável: estarão à altura de proteger a vida e a dignidade humana, ou mais uma vez virarão o rosto diante da barbárie?