Flotilha avança para Gaza sob escolta internacional e desafia bloqueio israelense
Com apoio de Turquia, Espanha e Itália, missão humanitária deve entrar hoje na “zona crítica” da ameaça israelense
Foto: Global Sumud Flotilla/Divulgação
A Global Sumud Flotilla, missão humanitária internacional que desafia o bloqueio israelense à Faixa de Gaza, segue firme a cerca de 300 milhas náuticas (550 km) do destino final. A expectativa é que a esquadra entre nesta terça-feira (30) na chamada “zona crítica”, onde há maior risco de interceptação por parte do exército israelense.
A flotilha, que partiu de Bizerte (Tunísia) em 14 de setembro, é liderada pela ativista Greta Thunberg e reúne dezenas de embarcações de diferentes países. O objetivo é levar ajuda humanitária e denunciar o cerco que transforma Gaza em prisão a céu aberto. A jornada, porém, tem sido marcada por dificuldades: atrasos por ventos fortes, entraves burocráticos e ataques de drones contra dois barcos. A escalada de ameaças incluiu declarações do ministro israelense Itamar Ben-Gvir, que chegou a chamar os passageiros de “terroristas”.
“Nossa pressão internacional tem dado resultados, governos e entidades têm se movimentado. O Brasil precisa tomar iniciativa de parar de fornecer material bélico e petróleo para a máquina assassina de Israel. Estamos bem, com muita responsabilidade e convicção de que nossa missão será vitoriosa e que conseguiremos chegar em Gaza”, afirmou a vereadora Mariana Conti (PSOL), integrante da delegação brasileira.
Crescimento da pressão mundial
A ofensiva diplomática e popular pela flotilha cresce a cada semana. Nas últimas semanas, 150 mil pessoas marcharam em Berlim em solidariedade à Palestina, enquanto universidades brasileiras como USP e Unicamp organizaram acampamentos de apoio à missão. Em diversas capitais, manifestações têm denunciado o genocídio em curso em Gaza e exigido o fim do bloqueio.
O apoio também se traduziu em ações concretas de governos. A Turquia enviou dois barcos da Cruz Vermelha para acompanhar a flotilha, em gesto de proteção e legitimidade internacional. Espanha e Itália já haviam anunciado embarcações de apoio, ampliando a rede de segurança diplomática. Segundo os organizadores, a presença desses navios oficiais é uma tentativa de “blindar” a missão contra agressões israelenses e garantir a chegada da ajuda humanitária.
Entre esperança e risco
Com a aproximação da zona de maior risco, a tensão cresce. Mas o avanço da esquadra mostra que a pressão internacional começa a isolar Tel Aviv. A própria composição da flotilha – que reúne ativistas, parlamentares e organizações humanitárias – reforça o caráter não-violento da ação.
Mesmo diante da insistência de Netanyahu em classificar a missão como ameaça, cresce a percepção global de que se trata de um ato legítimo de solidariedade internacional.
“As próximas 72 horas serão decisivas”, dizem os organizadores, que apostam na mobilização mundial para conter a máquina de guerra israelense.