Campinas vota abertura de Comissão contra Mariana Conti em meio a perseguição política
Acusada por participar de missão humanitária à Faixa de Gaza, vereadora do PSOL enfrenta tentativa absurda de cassação; militância promete lotar a Câmara nesta quarta
Foto: Reprodução
A Câmara Municipal de Campinas deve votar nesta quarta-feira (29) o pedido de abertura de uma Comissão Processante (CP) contra a vereadora Mariana Conti (PSOL). A proposta, apresentada pelo vereador Nelson Hossri (PSD), tenta criminalizar o gesto de solidariedade da parlamentar, que integrou a Flotilha Global Sumud, missão humanitária internacional à Faixa de Gaza.
O pedido, classificado como uma manobra persecutória da direita campineira, acusa Mariana de “infração político-administrativa” por ter se licenciado do mandato – ainda que a licença tenha sido autorizada pela própria Câmara, sem remuneração, e esteja plenamente amparada pela Lei Orgânica do Município e pelo artigo 56 da Constituição Federal.
Solidariedade não é crime
A Flotilha Global Sumud, da qual Mariana participou, é composta por ativistas, médicos e defensores dos direitos humanos de várias partes do mundo. O grupo buscava levar ajuda humanitária à população palestina, em meio ao cerco e aos bombardeios de Israel contra a Faixa de Gaza. Durante a missão, a embarcação foi interceptada ilegalmente em águas internacionais pelas forças israelenses, e os integrantes, incluindo Mariana, foram detidos e interrogados.
A atuação da vereadora foi amplamente reconhecida por organizações internacionais e movimentos sociais brasileiros como um ato de coragem e solidariedade com o povo palestino. Ainda assim, setores da extrema direita de Campinas tentam agora transformar o gesto em “infração”, num evidente ataque político à esquerda e à liberdade de representação popular.
Perseguição política e histeria no plenário
O ambiente político na Câmara promete ser tenso. Nas últimas sessões, militantes de esquerda lotaram o plenário em defesa de Mariana, enquanto vereadores da direita reagiram com gritos, provocações e atitudes agressivas, transformando o espaço institucional em um espetáculo de intolerância.
A base governista, que tenta se equilibrar entre o discurso moralista e o cálculo eleitoral, deve tentar evitar confronto direto, mas o cenário é de novo embate ideológico. Para os movimentos populares e entidades progressistas, o processo contra Mariana é uma tentativa de calar as vozes que denunciam o genocídio palestino e a política autoritária de Israel – e, ao mesmo tempo, um recado da extrema direita contra a atuação internacionalista e humanista da esquerda brasileira.
A importância da mobilização popular
Mariana Conti já convocou militantes e apoiadores a comparecerem à sessão desta quarta, em defesa da democracia, da liberdade de expressão e da solidariedade internacional. Movimentos sociais, sindicatos e organizações de direitos humanos devem marcar presença no plenário para impedir que mais uma perseguição política avance.
A votação promete ser um divisor de águas em Campinas: entre a política do medo e da repressão, e o compromisso com a humanidade, a justiça e a paz.
“Estar ao lado do povo palestino é estar ao lado da vida. E é por isso que querem me punir: por não me calar diante da barbárie”, afirmou Mariana em uma das manifestações recentes.