PSOL vai ao MP contra espigão no Lume
Estátua de Marielle

PSOL vai ao MP contra espigão no Lume

Parlamentares questionam licença da prefeitura do Rio para construção de prédio de 22 andares em área histórica do Centro; projeto ameaça o meio ambiente, o patrimônio cultural e o espaço da resistência popular

Redação da Revista Movimento 28 out 2025, 09:33

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Deputados e vereadores do PSOL-RJ protocolaram, na segunda-feira (27), uma representação no Ministério Público do Rio de Janeiro contra o licenciamento da construção de um prédio de 22 andares no Buraco do Lume, na Praça Mário Lago, região central da capital fluminense. A iniciativa dos parlamentares denuncia o projeto como uma afronta à história, à cultura e ao meio ambiente, e uma rendição da Prefeitura aos interesses da especulação imobiliária.

“Uma construção com esse tamanho ali, com ‘estúdios’ para aluguel por temporada, é uma aberração urbanística, uma agressão ambiental, um atentado contra a cultura, contra os feirantes do local e os que ali descansam. E contra os que fazemos, há décadas, encontros para saudáveis debates políticos, à luz da estátua da nossa amada Marielle”, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL).

Além de Chico Alencar, participaram do ato os também deputados Tarcísio Motta e Professor Josemar, e os vereadores William Siri e Mônica Benício — todos unificados na denúncia contra o projeto e na defesa da memória democrática e popular do espaço.

Um projeto que ameaça o coração político e cultural do Rio

O Buraco do Lume é um espaço simbólico para a esquerda e os movimentos sociais. Desde os anos 1980, o local abriga manifestações políticas, culturais e feiras populares, sendo palco de falas históricas de Wladimir Palmeira e de atividades em homenagem à vereadora Marielle Franco, cuja estátua foi erguida ali em 2021.

A área, arborizada e viva, cumpre um papel raro no Centro do Rio: o de respiro urbano e convivência democrática. A construção de um espigão de 22 andares, com 720 microapartamentos e cinco lojas comerciais, ameaça transformar o espaço em um enclave privatizado, destruindo 55 árvores e agravando o adensamento urbano em uma região já sobrecarregada.

Especialistas em urbanismo alertam que o projeto desfigura o plano original da área, traçado nos anos 1920 após o desmonte do Morro do Castelo, e compromete a função ambiental e social do espaço. O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Sidney Menezes, classificou o impacto como “negativo”, enquanto a ex-secretária de Urbanismo Andrea Redondo alertou que o empreendimento “vai desfigurar o plano urbano e criar um residencial subutilizado, abandonado”.

Especulação acima da cidade

A licença para o empreendimento, concedida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, se apoia no programa Reviver Centro, criado para incentivar moradias na região. Na prática, porém, a medida vem sendo usada por grandes construtoras para transformar áreas históricas em negócios milionários, sem garantir moradia popular ou equilíbrio ambiental.

O terreno – que já foi área pública e chegou a ser tombado em 2020 – teve seu destombamento aprovado pela Alerj em 2022, em projeto de autoria do deputado bolsonarista Rodrigo Amorim (União). O episódio foi denunciado por urbanistas e movimentos sociais como uma traição à memória urbana e popular do Rio de Janeiro.

Para o PSOL, a construção no Lume é a síntese da lógica que submete o interesse coletivo à especulação imobiliária, uma vez que a população repele essa subordinação do Poder Público à especulação.

Defesa da memória, da cultura e do espaço público

O Buraco do Lume é mais do que um terreno – é símbolo de resistência, diálogo e memória popular. É o espaço onde a cidade ainda respira, onde se homenageia Marielle Franco, e onde a política se faz de forma viva e coletiva.

A mobilização do PSOL contra o espigão é também uma luta pelo direito à cidade: por um Rio de Janeiro que preserve seus espaços de convivência, sua história e suas árvores, em vez de entregar tudo à lógica do lucro.


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