Professor Josemar anuncia audiência pública para enfrentar política de extermínio no Rio
Deputado do PSOL articula resposta institucional às denúncias de “caçada humana” relatadas por moradores da Penha e do Alemão
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Integrante da comitiva que esteve nos complexos da Penha e do Alemão na quinta-feira (30), o deputado estadual Professor Josemar (PSOLl), presidente da Comissão de Combate às Discriminações da Alerj, anunciou que realizará uma audiência pública para debater as graves denúncias colhidas durante a visita.
O parlamentar enfatizou que a iniciativa se baseará nos depoimentos de familiares das vítimas da megaoperação policial que deixou 121 mortos na última terça-feira (28). A comitiva – formada por parlamentares estaduais e federais, além de representantes dos ministérios dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial – esteve na sede da Central Única das Favelas (Cufa) para ouvir diretamente quem tem sido historicamente silenciado pelo Estado.
O objetivo foi escutar lideranças locais, familiares de vítimas e organizações comunitárias. Os relatos, contundentes, descrevem o que moradores chamaram de “caçada humana”, com execuções sumárias, invasão de casas, impedimento de socorro e apagão elétrico provocado por disparos contra transformadores – um retrato cruel de uma política de segurança que trata territórios populares como zonas de guerra.
Professor Josemar afirmou que a audiência pública na Alerj buscará reunir autoridades, especialistas e sociedade civil para discutir responsabilidades, reparações e a urgente revisão das práticas de segurança pública no estado. Segundo ele, o episódio evidencia “um Estado que trata sua população pobre e negra como inimiga” e exige respostas concretas do poder público.
Apoio às famílias
O Ministério dos Direitos Humanos anunciou que o Conselho Nacional de Direitos Humanos acompanhará o caso por meio de um grupo de trabalho que reúne os ministérios da Justiça, Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, com o objetivo de garantir suporte imediato às famílias.
Entre as medidas emergenciais adotadas pela comitiva estão a criação de um comitê interministerial para monitorar as ações nas comunidades; a realização de perícias independentes; e a elaboração de um dossiê com fotos, vídeos e depoimentos a ser enviado a organismos nacionais e internacionais.
Também foram solicitadas celeridade na identificação das vítimas; gratuidade dos enterros; programas de apoio psicossocial; e proteção a lideranças comunitárias ameaçadas – passos essenciais para enfrentar o luto e a violência que se abatem, mais uma vez, sobre a população das favelas.