Vermelho de volta às ciclofaixas de São Caetano após ação da vereadora do PSOL
Decisão judicial exige ressinalização em respeito às normas de trânsito; projeto de Bruna Biondi reacende disputa política sobre mobilidade e segurança dos ciclistas
Foto: Letícia Teixeira/PMSCS
A vereadora Bruna Biondi (PSOL) obteve uma vitória nesta disputa: após a Prefeitura de São Caetano do Sul alterar a pintura das ciclofaixas para o tom azul, a parlamentar levou a questão ao Judiciário – e a sinalização deverá ser restabelecida na cor vermelha. Segundo a vereadora, o retorno ao vermelho é essencial porque “a cor vermelha é a cor nacional e internacional das ciclofaixas”, uma demarcação que, na avaliação dela, garante mais segurança aos ciclistas.
O que motivou a mudança para azul — e por que gerou polêmica
A Prefeitura justificou intervenções no pavimento e adotou pintura azul em trechos novos ou reformados, uma escolha que viralizou e provocou reação de ciclistas e parte da sociedade civil. Críticos acusaram a gestão de transformar a sinalização em marcação estética e de gestão — uma “impressão de marketing” que confundiria a função técnica da sinalização e reduziria a visibilidade da faixa para motoristas e pedestres. Relatos locais também apontaram reclamações de comerciantes sobre restrições de uso do espaço.
A iniciativa política para reverter a pintura partiu da bancada do mandato coletivo de Bruna Biondi (PSOL). Além de pedir a ressinalização, a vereadora tem protocolado outras propostas de mobilidade – como indicação para instalação de bicicletário no Terminal São Caetano – e usado a atuação parlamentar e judicial para forçar a adequação das intervenções municipais às normas técnicas. Em paralelo, houve manifestações de entidades, cicloativistas e opositores que pressionaram pelo cumprimento do padrão.
Por que o vermelho é a cor das ciclofaixas
A preferência pelo vermelho na demarcação de ciclovias e ciclofaixas está respaldada em manuais técnicos brasileiros de sinalização cicloviária: o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito – Volume VIII (Sinalização Cicloviária) e documentos técnicos ligados ao Denatran e CONTRAN orientam que a cor vermelha seja utilizada para demarcar e dar contraste às áreas exclusivas para bicicletas, porque o tom aumenta a visibilidade e sinaliza com clareza a exclusividade de uso, reduzindo riscos de confusão com faixas de tráfego, estacionamento ou áreas de embarque. Em casos em que não é possível pintar toda a superfície, o manual recomenda bordas ou linhas contínuas vermelhas de largura mínima determinada. Ou seja: a escolha da tinta não é apenas estética, é uma norma de segurança viária.
Repercussões políticas e práticas
A decisão de restaurar o vermelho tem impactos imediatos e simbólicos. Na prática, aumenta a padronização e a previsibilidade da infraestrutura cicloviária – objetivo reclamado por ciclistas e especialistas em mobilidade urbana. Politicamente, a disputa expôs divisões locais: a atuação de Bruna Biondi ganhou apoio de movimentos de ciclistas e de setores da sociedade civil, enquanto setores ligados à gestão municipal e comerciantes criticaram a implantação e reclamaram falta de diálogo. Em cidades da região a mesma polêmica já ocorreu anteriormente, com Ministério Público e veículos locais destacando que a mudança de cor contrariava o manual técnico, o que levou a notificações e pedidos de ressinalização. A vitória judicial em São Caetano tende a fortalecer argumentos técnicos e jurídicos para que outras prefeituras respeitem as normas.