Lenin: o estrategista da vitória

A contribuição de Lenin a nossa causa é grande.

Leandro Santos Dias 25 abr 2020, 15:35

No dia 22 de abril completaram-se 150 anos do nascimento de um dos maiores dirigentes do século XX, Lenin como ficou conhecido mundialmente.

Existe uma explicação do motivo pelo qual Lenin não é citado em nenhuma universidade e odiado pela burguesia, pois dirigiu junto aos Bolcheviques a primeira experiência do proletariado exitosa, Lenin e os Bolcheviques souberam vencer e isso os torna perigosos, todo tipo de deturpação do processo revolucionário foi orquestrado pela Burguesia.
Mas é preciso chamar a atenção para os feitos extraordinários desse estrategista da revolução, pois a contribuição de Lenin a nossa causa é sem tamanho.

Primeiro é preciso pontuar que não existe Lenin sem os Bolcheviques e estes não existiriam sem Lenin.

Como todos sabem Marx e Engels inauguram a doutrina das condições da libertação da classe dos despossuídos, o proletariado, são eles que dão substância a teoria de que os produtores que a tudo produzem também podem ser em condições de libertação os gestores dessa produção.
Mas Marx e Engels viram o capitalismo no seu início, na sua fase de expansão, sua fase concorrencial e é aí uma das maiores contribuições de Lenin para atualização da leitura de Marx do capitalismo, Lenin percebeu que o Capitalismo, no seu livro Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo de 1916 é uma atualização da obra de Marx e Engels, Lenin observa que a fusão entre o Capital industrial e o capital bancário fez nascer o capital financeiro, inaugurando uma fase monopolista do capitalismo.

Se sua contribuição parasse aí já seria algo extraordinário, mas sua ousadia e genialidade vão além, os fundadores do socialismo científico também a sua época não puderam notar que dentro do proletariado, nos países centrais especialmente, havia um setor conceituado como Aristocracia operária que se deslocava dos interesses gerais do proletariado e com isso passam a assumir um papel reformista de manter a ordem capitalista vigente e ou apenas militar por reformas.

Aqui estamos diante de uma das maiores contribuições de Lenin que se pôs então a debater com todos os setores oportunistas do movimento e a combater as posições em dissonância com os princípios do socialismo cientifico que tinha no desenvolvimento do socialismo Francês o exemplo máximo do potencial revolucionário do proletariado.

Mas aqui temos mais uma vez um momento de apreensão, negação e síntese em que Lenin descobre que os interesses da nossa classe não são únicos, há neles a aristocracia operária – regra geral um setor que devido ao avanço do capitalismo recebiam melhores salários – e setores médios que não estariam dispostos a ir até as últimas consequências para acabar com o capitalismo e nem muito menos construir um partido para esse fim.
Karl Marx e Engels acompanharam a Comuna de Paris de 1871 e dela extraíram alguns ensinamentos, dentre eles que o proletariado não é uma classe una e que dentro da Associação Internacional dos Trabalhadores haviam posições como a de Bakunin que eram inconciliáveis.

Mas é Lenin que põe em pé a parte mais importante do socialismo científico que nada mais é que a ação, a luta, mobilização, organização para lutar e chegar a um determinado fim, a revolução.

E se debruça sobre esse tema, como transformar as ideias poderosas de Marx em ideais poderosas de ação?

Aí chegamos no livro escrito em 1902 – Que Fazer? – que é a obra que faz nascer o Leninismo, é neste livro que o estrategista da vitória pensa a máquina capaz de transformar a teoria em ação numa práxis revolucionária.

E isso marcaria todo o século XX e atualmente na medida em que Lenin consegue de forma brilhante edificar um partido, tendo como sustentação o socialismo científico e como fim inexorável a revolução.

Temos então os caminhos para a maior vitória até aqui do proletariado, mesmo no elo mais frágil do Capitalismo, a Rússia Czasista, os bolcheviques foram capazes de inaugurar um ciclo de revoluções proletárias que chacoalhariam o globo durante o século XX.

É justamente daí que brota a raiva dos de cima para com Lenin e os Bolcheviques, a Comuna de Paris que durou 3 meses e foi uma experiência isolada em Paris deixou um legado: era possível uma outra forma de viver que não essa onde uma minoria dita as regras porque detém os meios de produção, mas como todos sabem a Comuna foi esmagada, a burguesia parou uma guerra para esmagar os comunards.

Restou então ao Bolcheviques fazer o improvável, derrubar a burguesia e construir uma sociedade voltada a atender os interesses dos produtores, do proletariado, a classe que a tudo produz.

Os fundadores do socialismo cientifico – Marx e Engels – sempre atentos aos processos na periferia do capitalismo chegaram a debater a viabilidade da revolução num país atrasado como a Rússia soviética, tendo com um dos pontos centrais a questão da terra.

Mas como tudo é fruto do seu tempo, os fundadores do socialismo científico não podiam ter em mente o poder que um partido Bolchevique poderia adquirir, um partido de combate forjado na clandestinidade, lembremos do Csarismo (perseguiam e prendiam opositores) e mais fundamentalmente transformando as ideias radicais em formas radicais de organização e ação.
Esse é o grande legado do estrategista da revolução, não é possível dizer hoje que a classe não pode lutar e vencer, pois os Bolcheviques demonstraram o contrário.

Essa é essência do Lenin que sempre disse que nada mais era do que um discípulo de Marx e Engels, infelizmente morreu jovem com 54 anos apenas, os atentados um deles realizados por anarquistas custaram sua saúde.

Os Bolcheviques tomaram o poder não como uma forma de assalto ao poder de uma pessoa como a Burguesia quer fazer prevalecer com uma narrativa incompleta do que se passou, foi o movimento da ampla maioria dos camponeses, trabalhadores, soldados, em nome da maioria que em outubro de 1917 deu um basta ao despotismo, fome, miséria e após aprovado nos soviets passaram a pôr a linha da tomada do poder em prática.

Isso em nada tem a ver com o regime de terror que tem início em 1924 quando Stalin assume o poder na URSS e passa a perseguir, torturar, banir e a executar toda a geração revolucionária de 1917, simplesmente todos e todas que pudessem representar ameaça ao coveiro da revolução, em processos forjados ele criava sua verdade e executava quem quer que fosse, isso se deu inclusive com toda a geração de 1935 que eram os “aliados de Stalin” e nada tinham a ver com a geração de 1917.

É preciso nos apropriarmos dessa narrativa, a última palavra não pode ser da burguesia e nem muito menos do Stalinismo e seu terror.

Lenin e os Bolcheviques são odiados porque edificaram uma revolução poderosíssima que moldou todo o mundo durante o século XX e é esse exemplo que nesse começo de século XXI temos que nos inspirar: é preciso ousadia é preciso sonhar.


Viva Lenin!!!


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 12 nov 2024

A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!

Governo atrasa anúncio dos novos cortes enquanto cresce mobilização contra o ajuste fiscal e pelo fim da escala 6x1
A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi