Peru: A luta continua

O governo conservador e reacionário que conformou Manuel Merino com Flores-Araoz chegou ao fim por ação do povo.

Tito Prado 23 nov 2020, 12:09

O governo conservador e reacionário que conformou Manuel Merino com Flores-Araoz chegou ao fim por ação do povo e em especial dos jovens. Quando isso acontece, quando a rua é quem manda mais, significa que estamos num momento singular na história. O poder passa das mãos dos de sempre para as mãos do povo. Ainda que seja temporal e limitado o fato é que perderam o controle por um momento e foi o povo mobilizado quem impôs condições, começando por derrotar ao golpismo que não foi somente tirar Merino.

O desgoverno não costuma ser eterno, assim que ante a ausência de um poder político – social alternativo que concentre a vontade das grandes maiorias, a direita dá um jeito e volta a agrupar, a duras penas, a fim de manter a “governabilidade”, tanto como seu regime político e econômico. O novo presidente, Francisco Sagasti, não pode oferecer nada novo porque é parte do “establishment” mas sem dúvida o contexto é melhor para fazer avançar a mobilização, arrancar novas vitórias e construir uma alternativa de governo capaz de empatar com as necessidades e esperanças dos peruanos.

Tão daninho é lhe dar o benefício da dúvida, pois esta atitude condescendente desarma a mobilização, como pensar que não se ganhou nada, tal como sustenta um pequeno setor de esquerda sem prestar contas que terminam concedendo com o desprezo que os golpistas têm com o povo mobilizado a quem acusam de tontos. Em 94%, rejeitou a designação de Merino como presidente da República e em 88% rejeitou a nomeação de Flores-Araoz como primeiro-ministro. Isso é coisa de tontos? Ao contrário, com magnífica intuição política, a juventude fez as contas e literalmente encheu as ruas de todo o país.

Os cartazes e faixas que por milhares levantadas de maneira espontânea nas mobilizações auto-convocadas pelas redes, davam conta de um amadurecimento político que surpreende a muitos. “Se meteram com a geração equivocada” talvez seja a frase que melhor resume o giro da juventude para uma reação mais política. Fazem política, mas desconfiam dos partidos e está bem. Essa rejeição é positiva, não têm maiores elementos para distinguir uns e outros, mas estão prontos para aprender e aprenderão.

De momento, sentem que sua luta não foi em vão. Que podem arrancar muito mais, daí que seguem as mobilizações e sobretudo segue o interesse de seguir coordenando e organizando-se. Tanto porque se faça justiça com os caídos como por uma nova Constituição que passou a ser o centro das demandas e que muito bem Verónika Mendoza expressou colocando a necessidade de uma segunda urna para que o povo vote em 11 de abril acredita-se necessária ou não uma Assembleia Constituinte.

Artigo originalmente publicado no site da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco.


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Camila Souza