Os desafios que Governo Nelson precisa enfrentar em São Gonçalo
Sobre a prefeitura do município carioca.
Muitos são os desafios para um governo que faz a gestão de uma cidade, com tantas mazelas acumuladas historicamente como São Gonçalo, mas nesse texto vamos elencar 3 questões que consideramos serem essenciais e urgentes para serem tratadas pelo governo do Capitão Nelson.
Do imediato: a vida do povo gonçalense
Nenhum desafio se faz tão urgente como a necessidade de vacinar a população gonçalense, custe o que custar. Portanto, a preocupação do governo Nelson, ao nosso ver, deveria ser preparar toda a estrutura municipal de saúde para organizar um plano de vacinação que tenha como meta, vacinar toda a população de São Gonçalo o mais rápido possível, começando evidentemente pelos profissionais de saúde e os grupos mais vulneráveis. Esse destaque é importante, pois o Brasil tem um dos Programas de Imunização mais eficientes do mundo, sendo reconhecido internacionalmente. Mas o Plano Nacional de Vacinação do governo federal é difuso e pouco confiável, não havendo datas de quando a vacinação começa e quando ela chega em cidades periféricas como São Gonçalo. Diante de tanto obscurantismo, o governo Nelson precisa agir no sentido de garantir a vacinação da população gonçalense, caso a morosidade do Plano Nacional de Vacinação se configure de fato num risco eminente para a vida da nossa população.
Vamos fazer uma oposição consequente ao governo Nelson, estando na linha de frente para garantir a vacinação da população gonçalense. O que cobramos do governo é presteza em salvar vidas, justamente o que não conseguimos enxergar no governo federal. Nelson se elegeu com o apoio de Bolsonaro, mas esperamos que ele não fique refém da política negacionista do governo federal. Dessa forma, toda a flexibilização orçamentária deve ser feita para garantir a vacinação da população (caso o Plano Nacional se mostre mesmo ineficiente) e não mediremos esforços para que isso aconteça.
Do desenvolvimento: a geração de emprego e renda
A epidemia de COVID-19 teve reflexos brutais na cidade de São Gonçalo. Para além da óbvia questão de saúde, afinal, São Gonçalo é a segunda cidade com mais óbitos por COVID no Estado do Rio de Janeiro, a crise sanitária desnudou completamente as profundas relações que existem entre desigualdade social, precarização das relações de trabalho e a saúde da população. Com uma massa de trabalhadores imensa que está no trabalho informal (estima-se segundo pesquisa realizada pela UFRJ, que esse número seja de 30% da população economicamente ativa) e uma parcela considerável em situação de desemprego, a tão necessária quarentena para evitar o avanço da doença, se mostrou na prática algo inviável para boa parcela da população.
Ao mesmo tempo que os esforços de se fazer uma quarentena que de fato pudesse ser eficaz para combater a disseminação do vírus, foram desde o início solapadas pelo governo federal, tendo como maior negacionista o próprio presidente Jair Bolsonaro. Não só desmoralizando publicamente a medida e os órgãos mundiais de saúde, como ridicularizando quem defendia o isolamento. Isso fez com que o Brasil e consequentemente São Gonçalo, jamais conseguisse sair de um platô que se mantém estável por muitos meses, sempre com números elevados. Ao mergulharmos na pandemia, que diminuiu o consumo, encerrou postos de trabalho e levou a falência diversos empreendedores, sem possuirmos qualquer perspectiva de reestabelecer a normalidade para que a economia possa ser novamente reaquecida, transformou-se num pesadelo econômico e social, que encareceu o custo de vida e deteriorou ainda mais a situação econômica da classe trabalhadora.
Todos esses elementos, para dizer que sabemos que a questão do emprego e renda em São Gonçalo é complexa, mas ainda assim necessária ser enfrentada. A vacina (que esperamos que venha em breve) poderá ser também um alento nesse sentido, mas é necessário que o governo Nelson apresente um plano de desenvolvimento econômico. O que o governo pretende fazer para atrair empresas e indústrias para São Gonçalo? Qual é o tão alardeado e misterioso plano de obras que o governo tem prometido nesses primeiros dias? Quais são as iniciativas para incentivar as atividades econômicas que ainda resistem na cidade como o polo de moda? Como pretende diversificar a economia da nossa cidade? O governo Nelson vai criar algum tipo de auxílio emergencial caso a situação de degradação continue e o governo federal vire as costas para o povo?
Não temos ainda resposta para nenhuma dessas perguntas e outras tantas poderiam ser feitas. Tivemos na verdade uma tentativa de extinguir a secretaria de turismo e cultura, que embora não tenha se efetivado devido as pressões da sociedade, demonstram uma visão tacanha do governo sobre dois daqueles que podem ser braços importantes para o desenvolvimento e diversificação das atividades econômicas no município. Portanto, as ações iniciais do governo Nelson mais inspiram desconfiança do que otimismo.
Do estrutural: a questão das enchentes
Se de fato existir um plano de obras para ser realizado em breve pelo governo Nelson, seja parceria com o governo federal ou estadual, para nós do PSOL está nítido que ele deve ser realizado para sanar a questão das enchentes no nosso município. Trata-se de outra questão complexa, mas que não pode ser mais postergada diante dos impactos negativos que tem causado, ano após ano, para vida da população gonçalense. Sabemos que as questões do saneamento básico na cidade, são precárias como um todo, mas o povo não pode mais ficar a mercê das intempéries da natureza.
O governo Nelson precisa estabelecer imediato diálogo com a defesa civil, aproveitando todo o corpo técnico qualificado desse órgão e os muitos anos de experiência, tomar ciência das áreas mais críticas da cidade e começar a estudar soluções para resolver o problema. Famílias estão perdendo suas casas, seus bens materiais e nos casos mais trágicos, pessoas perdem suas vidas. E aqui não estamos falando de uma hipótese do “se vai acontecer” , trata-se de quando vai acontecer. Lembrando que estamos num dos períodos mais críticos do ano em relação a intensidade da chuva.