Nota para a militância do MES

Nota para a militância do MES

Nesse sábado, dia 30/04 realizou-se a Conferência Eleitoral do PSOL de 2022. Num momento histórico, em que existe a urgência pela derrota de Bolsonaro e do bolsonarismo, e também a urgência de apresentarmos um programa anticapitalista e independente, que defenda com radicalidade os interesses do povo

Executiva Nacional do MES/PSOL 30 abr 2022, 19:33

Nossa corrente esteve na linha de frente na luta contra Bolsonaro, tendo sido pioneira na defesa do impeachment e do Fora Bolsonaro como consigna geral para o movimento de massas. Apostamos todas as fichas nas pequenas brechas abertas com a retomada dos atos de ruas em 2021 e no enfrentamento radical. Com o fechamento da brecha, a luta contra o Bolsonaro é canalizada para o calendário eleitoral. Estivemos entre aqueles que defenderam uma candidatura própria no primeiro turno, para apresentar o programa do PSOL, e a apoio a Lula no segundo turno. Apoiamos o camarada Glauber Braga que disponibilizou seu nome para ser porta-voz dessa tarefa. A conferência eleitoral votou por 58% apoio a candidatura do Lula desde o primeiro turno da eleição, fechando a possibilidade da apresentação de uma candidatura própria a presidência. Nessa ausência, votaremos em Lula para derrotar Bolsonaro e seremos ativistas da campanha dos Comites Domésticos Bolsonaro Nunca Mais, estimulando a mobilização e a luta de rua contra a extrema-direita. A luta contra a extrema-direita, aliás, segue pra além do período eleitoral. Mesmo com a derrota eleitoral de Bolsonaro, a extrema-direita seguirá viva, e a campanha Bolsonaro Nunca Mais apresenta um elemento de continuidade, pra seguir lutando pela derrota dos setores da extrema direita, e pela prisão de Bolsonaro e outros criminosos. 

Sabemos que o programa de conciliação de classes não resolverá os problemas estruturais do pais, e é justamente nos períodos de crise econômica e de representatividade quando a esquerda do regime aplica as medidas do capital, que a extrema-direita se aproveita desilusão do movimento de massas para se vender como antisssitema. Dizemos que uma nova desilusão com o governo Lula pode retroalimentar o bolsonarismo. Precisamos superar a lulopetismo pela esquerda, construindo uma alternativa independente e anticapitalista. Por isso, nossa principal batalha será a não composição num governo Lula. 

Diferente do campo majoritário do PSOL, não temos ilusão no programa de Lula, e muito menos na aceitação de Lula a um programa apresentado pelo PSOL, mas sabemos que é o melhor posicionado eleitoralmente para derrotar Bolsonaro nas urnas. Um voto para derrotar Bolsonaro não dilui o PSOL, o que dilui o PSOL é vender ao povo e ao movimento de massas a ilusão de que existe um acordo programático com o PT, que governou 13 anos sendo gerente dos interesses do capital em seus governos de conciliação de classe. Não venderemos essa ilusão. Sabemos que a entrada de Alckmin na chapa é a nova carta ao povo brasileiro. O debate de fundo é votar e lutar para derrotar Bolsonaro, mantendo nossa independência política, expressa em candidaturas majoritárias estaduais. Em São Paulo, ainda estamos travando a batalha pela candidatura de Mariana Conti à governadora, e nesse momento essa batalha toma ainda mais importância. No estado mais populoso, é fundamental que se garanta a expressão do nosso programa. Outra batalha fundamental será reeleger nossas porta-vozes no Congresso Nacional, Sâmia, Fernanda e Vivi Reis, bem como ampliar com novos companheiros e companheiras e reeleger Luciana, Fábio e Mônica nos parlamentos estaduais. O fortalecimento de um pólo parlamentar independente no PSOL será imprescindível para garantir a não-adesão a um governo Lula. 

Essa independência depende dos próximos passos tomados pelo partido. Defenderemos de forma categórica a não composição com um possível governo Lula, e essa luta ainda segue em curso. A decisão tomada pelos 58% dos membros da Conferência não encerra essa discussão pois a posterga para depois das eleições. Iremos lutar para que essa indefinição não abra mais espaço para uma posição que capitule ao oportunismo no interior do PSOL se entregando a cargos e promessas eleitorais. 42% do partido segue defendendo um campo independente. Seguimos apostando no PSOL enquanto partido capaz de organizar as lutas sociais, com independência de governos de conciliação de classe.


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Pedro Micussi