Foto: Marxists.org

No decurso da história, inúmeros foram os combatentes revolucionários que, ao se doarem inteiramente à luta comunista, puderam experimentar “a maior das felicidades, a consciência de participar da construção de um futuro melhor, de levar sobre nossas costas uma partícula do destino da humanidade e de não viver em vão.”¹ Apenas para citar alguns, como Karl Marx; Friedrich Engels; Mary Burns; Eleanor Marx; os líderes da Revolução Russa Lenin e Trotksy; Rosa Luxemburgo; Gramsci; Clara Zetkin; os Panteras Negras; Pedro Fuentes e, apesar das contradições, Che Guevara e Fidel Castro.

Todavia, dessa extensa lista, um nome jamais poderá faltar, referimos a um dos maiores dirigentes trotskistas, quiçá o maior, Hugo Miguel Bressano Capacete, mais conhecido com Nahuel Moreno.

Não objetivando fazer uma biografia desse inesquecível combatente neste texto, mas apenas rende-lhe, que apesar de singela, à mais sincera homenagem.

Vindo ao Mundo no porvir do outono argentino, no dia 24 de abril de 1924, aquele recém nascido se tornaria uma das maiores referências do movimento de massa após a 2° Grande Guerra. Dentre tantas, gostaria de destacar duas virtudes: a paixão pelo socialismo e o respeito a todos e todas que se dedicavam à revolução – mesmo aqueles que recorressem a outras táticas e destoassem de sua forma pensar.

Para ilustrar a primeira qualidade, rememoramos a dedicação que Moreno empenhou em retirar o trotskismo do campo teórico, que apenas era discutido em longas reuniões efetuadas nos bares das noites argentinas, e levá-lo para a prática, ou seja, para o seio da classe trabalhadora. A primeira experienciação ocorreu em janeiro de 1945 na greve do frigorífico Anglo-Ciabasa, localizado em Avellaneda e que era o maior do país, quando o Grupo Operário Marxista (GOM) – organização fundada por Moreno em 1944 – ajudou significamente aproximadamente 15 mil operários a lutarem pelos seus direitos, sem interferir na linha política dada pelas lideranças das fábricas.

Essa atitude do GOM marca toda tradição trotskista-morenista desde então, dito de outro modo, tornou-se como método estar com o povo em suas necessidades e, dessa maneira, ajudá-los a atuarem para conquista de seus objetivos. Jamais, esta é uma lição valorosa, devemos burocratizar as lutas das massas ou nos apresentarmos como ditos salvadores do povo. Foi com essa ética revolucionária, somada à simplicidade e a paixão pelo ideal demonstrada pelos militantes liderados por Moreno – também conhecido como o Tigre -, que parte considerável das lideranças e dos trabalhadores que se rebelaram aderiram ao GOM, passando a reivindicar a luta socialista.

A outra virtude supracitada pode ser apreciada no respeito das divergências teóricas travadas durante décadas entre Moreno e Mandel. Este, que no último dia 5 abril foi comemorado o centenário de seu nascimento, quando informado do falecimento de Moreno, demonstrou em suas palavras de condolência todo respeito que detinha ao camarada Nahuel. Hugo Blanco, militante histórico que se destacou nas lutas camponesas nos anos 1960 no Peru, apesar de romper com Moreno em determinado momento, sempre o considerou um grande mestre.

Obviamente que tais reconhecimentos são frutos de muita integridade revolucionária, da qual Moreno era portador. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, mas não delonguemos muito. O que interessa refletir é que neste mês, Nahuel Moreno faria 99 anos de idade. Os seus ensinamentos influenciaram gerações e gerações de militantes em várias parte do planeta Terra e nós, do Movimento Esquerda Socialista (MES), através da mobilização permanente, temos orgulho de dá continuidade ao seu legado na luta pela revolução socialista, que um dia, de uma vez por todas, inaugurará a nova era gloriosa para toda humanidade!

À Nahuel Moreno, nossos mais sinceros agradecimentos!

Referências: https://www.marxists.org/espanol/moreno/biografia.htm

1^ Discurso de Leon Trotsky gravado para a Conferência fundacional da IV Internacional.