Nada justifica a manutenção das escolas militarizadas no DF
Passe livre para violações dos direitos humanos, programa não apresenta indicadores de melhoria na educação
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Recebi indignado, porém não surpreso, a informação de que o Governo do Distrito Federal (GDF) vai manter as escolas militarizadas, mesmo com recomendação contrária do Governo Federal. Até hoje, Ibaneis não conseguiu dar um dado sobre a melhoria da qualidade do ensino nessas instituições!
O programa de escolas militarizadas surgiu no DF, em 2019, em uma clara tentativa do governo Ibaneis Rocha (MDB de agradar a Bolsonaro e ao bolsonarismo. Diversas instituições dedicadas à educação no Brasil – como o Todos Pela Educação – se manifestaram contra esse “modelo”, sabe por quê? Com o lema da “Educação pela Ordem”, na verdade esse projeto é passe livre para violação de direitos humanos, intimidação e censura. Crianças e adolescentes são cerceadas em suas diversidades, sendo obrigadas a adotar um violento padrão estético e de comportamento.
Aqui no DF, recebemos diversas denúncias de violações nessas escolas. Elas vão de crimes sexuais a racismo e intolerância religiosa. O debate sobre diversidade e sobre a história do povo negro, por exemplo, também foi impedido em muitos desses colégios.
Alguns casos emblemáticos
Para quem não se lembra, policial que atua nessas escolas chegou a ser afastado por denúncias de assédio sexual contra alunas. E este não é um caso isolado, há mais denúncias desse tipo de violência nas escolas militarizadas.
Em outra escola militarizada do DF, um aluno foi obrigado a cortar o cabelo, em um evidente caso de racismo!
Outra estudante sofreu racismo religioso pela simples tentativa de exercer o direito de manifestar sua fé!
Há outro problema bastante grave: levantamento da Comissão de Direitos Humanos apontou que grande parte dos policiais designados para trabalhar nessas escolas possui atestado ou histórico de afastamento por saúde mental.
Temos cobrado reiteradamente do governo Ibaneis os dados que provam a melhoria dos indicadores de educação nestes espaços. Até agora, os únicos dados são os de violações contra crianças e adolescentes, com NEM UM policial punido por abusos cometidos.
Militarizar não é a solução! Escola que produz impacto social é aquela que acolhe as diversidades, fala sobre gênero e sexualidade para proteger os estudantes de violências, fomenta o pensamento crítico e a cidadania. Continuaremos lutando pelo fim desse projeto fracassado!