Contra a privatização do sistema metroferroviário de SP
Em defesa da qualidade do transporte para a população e a garantir dos empregos dos funcionários das ferrovias e do metrô
Eleições 2022
A derrota eleitoral de Bolsonaro foi uma grande vitória para o Brasil. Porém, infelizmente o bolsonarismo segue existindo na sociedade brasileira e aqui em São Paulo o representante dos ideais bolsonaristas é o carioca Tarcísio de Freiras, que ocupou alguns cargos nos governos de Dilma, Temer e no governo de Jair Bolsonaro foi do Ministério de Infraestrutura. A sua eleição para governador do estado de São Paulo aconteceu porque o ex-presidente foi o seu principal fiador e padrinho político.
Na campanha, Tarcísio já mostrou a sua sanha privatista, defendendo a privatização da CPTM, Metrô e Sabesp, alegando que é necessário diminuir a máquina pública. Sabemos que essas privatizações contam com o interesse da Faria Lima, que apoiou a eleição do atual governador desde o início.
Privatização da CPTM
Fundada em 1992, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e seus trabalhadores realizaram uma grande transformação no transporte ferroviário da região metropolitana de São Paulo, que de um sistema problemático e sucateado passou a um serviço muito mais moderno e confiável para seus usuários, tendo a empresa pública inclusive recebido prêmios de “melhor operadora” em eventos do setor.
Já para os trabalhadores o prêmio é ter seus empregos colocados em jogo pelo nefasto plano de privatizações que está em curso pelo governo Tarcísio. Conforme planeja o governador, até o ano de 2025 devem ser concedidas todas as linhas da CPTM, levando à extinção da empresa.
Linhas 8 e 9
Na CPTM, o projeto privatista foi colocado em prática ainda na gestão Dória, quando em 2022 foram concedidas as linhas 8 – Diamante e 9 – Esmeralda à empresa Via Mobilidade. Os resultados são os absurdos que podemos acompanhar diariamente nos noticiários: falhas, reduções de velocidade, descarrilamentos, colisão de trens etc. Os passageiros, que já sofrem com a lotação dos trens e a distância que percorrem diariamente até o trabalho, acabam por ter que enfrentar uma viagem caótica, arriscada e demorada.
As causas passam por falta de manutenção, trabalhadores desmotivados (recebem salários muito inferiores aos que receberiam em funções equivalentes na CPTM), treinamentos insuficientes, alta rotatividade de funcionários, acúmulo de funções, a exaustiva carga horária, dentre muitas outras. A iniciativa privada coloca mais uma vez a sede insaciável por lucro acima do direito social ao transporte, garantido pela constituição.
Bilheterias das linhas 8 e 9 e Concessão da linha 7.
A situação por si só da concessão já é péssima, porém fica ainda pior quando descobrimos que a operação das bilheterias não foi inclusa no contrato, ou seja, a parte não interessante para a iniciativa privada continuou a cargo da CPTM, que por sua vez contratou a empresa terceirizada SeG para a prestação do serviço de venda de bilhetes.
Porém, a terceirização quase sempre é sinônimo de precarização, e desta vez não foi diferente: na terceira semana de setembro/2023 a empresa SeG deixou centenas de trabalhadores sem receber seus salários e abandonou a operação das bilheterias. Quem teve que assumir o problema foi a CPTM e seus trabalhadores, que foram deslocados para cobrir os postos nas linhas 8 e 9.
O próximo leilão é o da linha 7 – Rubi, previsto para janeiro de 2024, portanto, todos devem estar unidos na luta contra mais este absurdo.
Privatização do Metrô
O metrô é a menina dos olhos de ouro da burguesia nacional, duas linhas já foram privatizadas, a linha 4 amarela e a linha 5 lilás. As duas são administradas pela CCR, a mesma empresa que assumiu as linhas 8 e 9 da CPTM que causaram um transtorno para a população como falado acima. O contrato de concessão é completamente prejudicial ao Estado, para se ter uma noção, as linhas privatizadas recebem mais de R$ 6,00 por passageiro, enquanto a linha estatal recebe um pouco mais de R$2,00. Lembrando que a passagem custa R$4,40.
Essa política de privatização começou com os governos do PSDB, que governaram o Estado por 30 anos seguidos. Como todo processo de privatização, os governos tucanos foram precarizando os serviços da empresa, principalmente com a redução do número de funcionários mesmo com o aumento da quantidade de estações administradas pelo Metrô.
A privatização não foi o único ataque do governo ao serviço público e aos trabalhadores. Com a lei das terceirizações do governo Temer, as atividades fim ( as atividades que lidam diretamente com o atendimento a população) puderam ser terceirizadas, acarretando na perda de inúmeros postos de trabalho. O que mais atingiu a população e os trabalhadores foi a terceirização das bilheterias, essa função era exercida pelos funcionários de menor remuneração da companhia. Ao assumir essas funções, as empresas terceirizadas passaram a focar no lucro em detrimento da qualidade do serviço e do direito dos trabalhadores terceirizados.
Agora, a companhia quer terceirizar outros locais da operação. O atendimento ao público nas linhas de bloqueios (Catracas), na condução de deficientes pelo sistema e o serviço de segurança pública. Entregar esses serviços para empresas privadas vai acabar com alguns cargos dentro da companhia.
A saída é a unificação dos trabalhadores
Sabemos que para barrar os ataques dos governos e da burguesia aos trabalhadores, precisamos mobilizar a classe, somente assim iremos conseguir derrotar o plano de privatização.
Para que isso ocorra, foi criado um fórum dos sindicatos das empresas do Estado (CPTM, Metrô e SABESP), com apoio de entidades sindicais, movimentos sociais e mandatos parceiros. Desse fórum surgiu uma série de mobilizações, a principal delas é a realização de um plebiscito popular, a fim de comprovar de uma vez por todas que a população não está interessada no projeto privatista da extrema direita de Tarcísio e Bolsonaro.
O próximo passo é a construção de uma greve unificada das empresas metroferroviárias. Essa paralisação seria histórica, pararia toda a região metropolitana de SP e daria um recado forte ao governo: Se privatizar, o estado vai parar!
E é importante frisar que nenhum trabalhador dessas empresas quer prejudicar a população. Por isso sempre lançamos o desafio ao governo do estado, caso a catraca fique aberta, sem a cobrança da passagem, iremos assumir nossos postos para não prejudicarmos os demais trabalhadores. Na greve de metroviários de março deste ano, essa proposta foi acatada e recomendada pela justiça. O governador chegou a anunciar que aceitava essa condição, porém por trás dos panos conseguiu uma mandado de segurança contra essa abertura livre das catracas alegando ” falta de segurança”. Sabemos que falta de segurança é o que tem ocorrido nas linhas privatizadas e principalmente nos planos de contingência, onde a chefia opera os trens com um treinamento mínimo e que coloca a população em risco.
A defesa da qualidade do transporte para a população e a garantia dos empregos dos funcionários das ferrovias e do metrô só vai ocorrer com uma grande luta. O apoio dos movimentos sociais, centrais sindicais e mandatos está sendo muito importante, mas ainda assim é fundamental o apoio da população de todo o estado de São Paulo, isso vem sendo demonstrado na ampla participação no plebiscito contra as privatizações. Vamos à luta contra a privatização para impor uma derrota a Tarcísio de Freitas e ao bolsonarismo!